51 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
Governo e o PSD e o CDS apresentam-se aqui fazendo críticas contundentes, como agora a Sr.ª Deputada fez em relação à juventude e às políticas de emprego para a juventude, de trabalho no âmbito da juventude.
Contudo, vai ser a direita, no final deste debate — já nos foi anunciado — que vai salvar o Governo. Vão ser as bancadas do PSD e do CDS que vão permitir que o Governo continue essas mesmas políticas.
Portanto, hoje, aqui, parece que estamos a encenar uma espécie de ritual, onde há uma intervenção, há uma réplica, há uma crítica, há um ataque, há uma palavra mais forte. Mas, para a direita, para o PSD, para a Sr.ª Deputada, a democracia é um ritual sem qualquer tipo de consequência, porque, na verdade, depois do debate de hoje, da votação de hoje, o Governo vai continuar.
Aliás, o PSD sempre criticou a moção de censura do Bloco de Esquerda. Muito rapidamente disse que não gostava desta moção de censura, não se sabendo muito bem porquê. Ao princípio nem conhecia o texto, mas dizia que não gostavam do cheiro, do sabor, do formato» Não interessa! Não sabiam como ia ser apresentada, mas não iam nesta moção de censura.
Hoje, quando o texto é conhecido, até se percebe bem a razão pela qual o PSD não apoia esta moção de censura,»
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Não é só de hoje! Há um mês que se sabe!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — ». porque fala de precariedade das novas gerações e foram essas as escolhas estratégicas acordadas entre Governo e PSD.
Aliás, o PSD quer que hoje existam contratos que não sejam sequer formalizados. A estratégia do PSD foi sempre a precariedade, o ataque aos serviços públicos, o não haver verdadeiramente uma política de criação de emprego, o ataque à acção social escolar, como se sabe, o ataque às prestações das famílias com mais dificuldades. É esse o programa partilhado e tantas vezes votado e apoiado pelo bloco central, pelo PS e PSD.
É por isso que, hoje, o PSD não vai censurar o Governo.
Conhecemos bem aquela que tem sido a táctica da nova direcção política do PSD. Na verdade, cada vez que é confrontado com novas medidas que vêm por parte do Governo, o PSD tem tido uma táctica muito simples: vai mantendo um olho no «pote» e um outro nas sondagens e vai aguardando o seu momento, desde que seja este Governo a fazer a sangria no momento actual.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Deputada, há quase um ano atrás, a direita, pela voz do Sr. Deputado Paulo Portas, virou-se para o Sr. Primeiro-Ministro e disse: «Sr. Primeiro-Ministro, por favor, saia!».
O que pretendo saber, em nome das novas gerações precárias, é se hoje a Sr.ª Deputada e o PSD vão pedir ao Sr. Primeiro-Ministro que, por favor, fique.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Francisca Almeida.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Drago, muito obrigada pelas questões que me colocou.
De facto, para mim, o que é estranho é a expectativa que a Sr.ª Deputada ainda tinha quanto ao desfecho desta moção de censura. Foi o próprio Bloco de Esquerda que criou uma moção de censura que não quis, ele próprio, aprovar.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Trata-se de uma moção de confiança ao Governo e nesse teatro político não entramos, não estamos disponíveis para nele participar.
Aplausos do PSD.