53 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
O que o Sr. Primeiro-Ministro acabou por dizer é que aquela gente, aquele par pedagógico de EVT, não anda a fazer nada, anda a passear com as crianças. Isto não se diz, Sr. Primeiro-Ministro! Talvez fosse importante o Sr. Primeiro-Ministro — como, aliás, alguns Deputados desta Casa — ir também assistir a uma aula de EVT para perceber exactamente o que lá se faz! Trata-se de aprender a conhecer e aprender a fazer, a criar, a saber fazer.
Não, Sr. Primeiro-Ministro! Recordo que se reduziram, dos trabalhos manuais e da educação visual, de três para dois professores. É que isto não é o ensino do Português nem é o ensino da Matemática, nem se ensina como a Matemática, que é claro que são muito importantes. Tem uma aprendizagem distinta, Sr. PrimeiroMinistro! Julgo que os professores de EVT terão de fazer uma «defesa da honra» mas estarão, naturalmente, à altura de a fazer para o Sr. Primeiro-Ministro.
Também quero dizer que o Sr. Primeiro-Ministro não respondeu a Os Verdes sobre o que quis dizer na Alemanha com a subserviência ao povo português. E não foi por acaso que não disse. Nem «piou» sobre a matéria! Porquê? Porque não é subserviente ao povo português. O Primeiro-Ministro de Portugal e o Governo português são subservientes à Alemanha e aos mercados financeiros. Isso, o Sr. Primeiro-Ministro não pode dizer, não é politicamente correcto, mas é a realidade.
Portanto, não vá lá para a Alemanha dizer coisas porque também as ouvimos em Portugal, Sr. PrimeiroMinistro, e depois é grave porque os portugueses sentem isso de uma forma muito diferente.
O Sr. Ministro das Finanças está a «dançar«, não sei se ao som» Mas, enfim, tudo bem»
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças (Teixeira dos Santos): — Estou a acompanhá-la!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Entretanto, Sr. Primeiro-Ministro, mesmo para terminar, quero dizer-lhe — e, já agora, por falar do Sr. Ministro das Finanças — que há coisas que arrepiam.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Já estou arrepiado só de a ouvir!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Arrepia quando ouvimos, no mesmo dia, o Sr. Ministro das Finanças e o Sr. Primeiro-Ministro anunciarem aos portugueses que farão tudo o que for preciso para atingir os seus objectivos. O que é que isto quererá dizer?
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr. Presidente.
Que se for preciso mais medidas de austeridade, cá estarão eles — aqueles dois, e mais, este Governo — para apresentar mais medidas de austeridade. Adivinha-se sobre quem podem cair? Sobre os mesmos! E o sistema financeiro cá andará, a gerar os seus lucros, na sua boa vida, porque eles não o atacam.
E é isto que não pode ser, Sr. Primeiro-Ministro! O País anda farto! E o grande pedido que os portugueses fazem — e Os Verdes, naturalmente, também o fazem — é que mude de rumo para, em vez de recessão, fazer crescer este País, económica e socialmente.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este Governo está a conduzir o País a uma situação de desastre nacional. É certamente resultado de muitos anos e de muitos governos de política de direita, mas não deixa de ter, com este Executivo, a sua mais viva expressão.
O Sr. Primeiro-Ministro disse, há pouco, que quem fala muito alto é porque ouve mal. Mas gostaria que percebêssemos por que é que, desde há alguns meses, depois de várias gaffes, em que o próprio PrimeiroMinistro e vários Deputados do PS chamaram «a esquerda» aos partidos que se sentam à esquerda do Partido Socialista, passaram a chamar-nos de «extrema-esquerda». Digo-lhe, Sr. Primeiro-Ministro: é que,