22 DE SETEMBRO DE 2011
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O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — Sr.ª Secretária de Estado, apenas gostaria de ver
assegurados dois pontos que são muito importantes para o CDS: em primeiro lugar, nestas fases de
intervenção correctiva e de administração provisória, que seja o mais possível antecipado o momento de
intervenção do Banco de Portugal, quando a situação financeira começa a exibir sinais de deterioração; em
segundo lugar, na fase de resolução — faço ponto de honra disto, sinceramente —, que sejam os contribuintes
os últimos a serem chamados a assegurar a solvabilidade dos mecanismos de resolução.
Há aqui quem fale em dinheiro do Estado. Eu não sei falar de dinheiro do Estado, sei falar de dinheiro dos
contribuintes, e é esse que, em última instância, importa acautelar.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — É em nome desse dinheiro dos contribuintes, para que não
seja de novo chamado a compensar uma regulação sonolenta que tivemos, que lhe peço que, nos
mecanismos de resolução, tenha em conta esta realidade.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando
Medina.
O Sr. Fernando Medina (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Secretárias de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: O
Partido Socialista considera que esta é uma iniciativa importante numa área absolutamente central. Trata-se
de reforçar os mecanismos de regulação e de controlo público em caso de instituições financeiras em
dificuldade.
Relativamente àqueles que vêem em todas as iniciativas políticas do Governo revoluções mais ou menos
silenciosas, gostava de lembrar que esta iniciativa se insere num quadro muito amplo, da União Europeia e do
G20, de reforço da capacidade de regulação dos Estados após a crise financeira que todos vivemos.
É, pois, uma matéria de importância central a que estamos hoje a discutir aqui. Por isso mesmo, gostava
de começar por um ponto que parece lateral mas que é importante. Refiro-me à forma pouco adequada que foi
escolhida para tratar esta matéria.
Com efeito, esta é uma matéria que deveria ter sido alvo de proposta à Assembleia da República, discutida
em pleno nesta Assembleia, em vez da forma que foi adoptada, uma discussão em agendamento potestativo e
com uma redução significativa do tempo de debate para as soluções concretas. Mas, se o tempo é este,
vamos ao conteúdo.
Do ponto de vista do Partido Socialista, gostaria de sublinhar dois aspectos fundamentais.
Em primeiro lugar, manifestar uma concordância com orientações de fundo que estão presentes neste
diploma, designadamente com as orientações na identificação das fases e na adequação dos instrumentos às
diversas fases de intervenção ao nível dos bancos que estejam em situações de dificuldade, bem como
relativamente à hierarquização dos protagonistas que suportam os custos relativamente aos processos
intervenção.
Em segundo lugar, da mesma forma que há concordância sobre os objectivos genéricos e de fundo desta
proposta, temos dúvidas sobre soluções concretas que ela enforma. Vou destacar três — infelizmente, não
teremos mais esclarecimento sobre elas —, que sintetizarei de forma rápida.
O primeiro ponto de dúvida prende-se com uma concentração quase completa dos poderes no Banco de
Portugal. Com que controlo? Com que acompanhamento? Por parte do Governo, por parte do Parlamento, por
parte dos tribunais? Não se sabe, é difícil intuir da proposta.
O segundo ponto de dúvida prende-se com o mecanismo de criação, formação e dotação do fundo de
resolução. Qual a dimensão expectável deste fundo? Quais as várias formas e os pesos das várias formas de
financiamento deste fundo? Qual a forma e o peso das formas de financiamento, num momento em que
sabemos que está em curso um processo de grande complexidade e exigência para a economia portuguesa,
que é o aumento dos ratios de capital dos bancos como capacidade e como condição básica do fornecimento