I SÉRIE — NÚMERO 63
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Esta manhã, na Comissão de Economia e Obras Públicas, o PCP apresentou um requerimento no sentido
de serem ouvidos sobre esta matéria a Junta Metropolitana de Lisboa, a Junta Metropolitana do Porto, os
trabalhadores, os utentes do transporte público e o Governo, na pessoa do Sr. Secretário de Estado, e a
maioria PSD/CDS preferiu votar a favor da proposta do PS, que propunha trazer cá o grupo de trabalho.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Pergunto-lhe, Sr.ª Deputada, se, no seu entendimento, faz sentido a Assembleia da República, através da
comissão competente, debater estas matérias ouvindo disciplinadamente o grupo de trabalho que o Governo
nomeou e ignorando olimpicamente a proposta de se ouvir as autarquias, os trabalhadores, os utentes dos
transportes, dizendo que estes, quando quiserem ser recebidos, venham cá bater à porta…!
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Esta forma de estar da maioria nesta Assembleia revela bem a atuação que
está a ser levada à prática na política dos transportes.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, peço a todos os que se inscreveram para pedir esclarecimentos que
se contenham dentro do tempo de que dispõem.
Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, agradeço a sua questão.
Esta semana sabemos qual é o aumento de preços dos transportes previsto já para o dia 1 de Fevereiro,
mas continuamos sem ter acesso ao plano completo, continuamos sem saber o que o Governo quer fazer.
Sabemos, com os aumentos que conhecemos hoje, que, em 4 meses, andar de metro em Lisboa aumentou
40% e que, nos últimos 12 meses, aumentou 80% para as crianças, para os jovens e para as pessoas com
mais de 65 anos.
Estes são os números da crueldade, da irresponsabilidade e da leviandade deste Governo!
É verdade que este é um Governo que tem muito medo, muito medo de ouvir opiniões. Esconde-se por trás
de grupos de especialistas, tem uma estratégia de contrainformação em que atira para todos os lados a ver o
que resulta e, depois, tenta perceber qual é a pressão da contestação popular.
Mas há uma coisa que este Governo já percebeu: as populações lutaram e lutam pelos transportes
públicos e a verdade é que o Governo recuou em muitos cortes que tinha previsto.
Assim, não temos as estações de metro a fecharem às 21 horas e 30 minutos, e esta é uma conquista das
populações; há garantias sobre a manutenção de ligações de barcos, e esta é também uma conquista das
populações.
Mas o aumento de preços é um ataque e a recusa, o medo, dos partidos da maioria em chamar à
Assembleia da República para ouvir as comissões de utentes, os autarcas, ouvir quem todos os dias tem de
lidar com estas medidas, ouvir quem sabe o que estas medidas custam no quotidiano das populações, só
revela a fragilidade do Governo.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, a matéria que aqui
trouxe hoje é, de facto, recorrente e eu pensei que quantas mais vezes discutíssemos aqui essa matéria faria
com que, pelo decorrer do tempo, fôssemos expurgando a demagogia e até alguma falta de verdade das