I SÉRIE — NÚMERO 104
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O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … o que significa toda essa gente a menos a descontar e a contribuir em
relação ao que havia em 2005.
É verdade que, em 2005, a população com emprego era cerca de 5,2 milhões e, quando herdámos este
País do governo socialista, a taxa de emprego era cerca de 4,7 milhões, ou seja, havia mais quase meio
milhão de pessoas desempregadas.
Há uma outra coisa que é verdade, face a estes números todos: é realmente grande a amnésia do Partido
Socialista, porque aquilo que, face aos fatores de 2005, achou que era adequado, era ajustado, era uma
medida acertada, e nem teve de dar grandes justificações,…
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Não o fez às escondidas!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … neste momento, face a estes fatores e a estes números que eu citei, o
Partido Socialista já acha que é o rompimento de um contrato de confiança, que é desajustado, é
desadequado e interpõe aqui um projeto de resolução para a suspensão desta decisão do Governo.
Há ainda uma última verdade que eu gostaria de dizer ao Partido Socialista, e é uma verdade triste: era
bom que Portugal tivesse um partido na oposição que se preocupasse com questões sérias…
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — Isto não é sério?!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … e não viesse aqui levantar questões que, sendo sérias, porque afetam
as pessoas, são necessárias e muito mais necessárias do que eram em 2005, quando o Partido Socialista
tomou esta mesma medida.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Mas vocês estão a fazê-lo às escondidas!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: Através do Decreto-lei n.º 85-A/2012, o Governo suspendeu o regime de flexibilização da idade de
acesso à pensão de reforma por antecipação. E a forma como o Governo trabalhou essa surpresa deixa-nos,
de facto, surpreendidos. É até caso para dizer: o Governo ataca de novo, desta vez pela calada da noite e,
desta vez, para suspender o regime de reforma antecipada.
Face a esta verdadeira manobra silenciosa, as primeiras referências terão de ser, naturalmente, para os
aspetos relativos à forma que o Governo escolheu para trabalhar e para apresentar aos portugueses mais uma
medida que vem penalizar, mais uma vez, quem trabalha.
De facto, pela calada da noite ou à socapa, o Governo, sem ouvir ninguém, sem negociar com as
estruturas representativas dos trabalhadores, pelos vistos, violando até o regimento do próprio Conselho de
Ministros, e, curiosamente, um dia antes de sexta-feira santa, portanto, em pleno período de Páscoa, fez
publicar o diploma que veio suspender o regime da reforma antecipada.
Tudo trabalhado ao milímetro, em silêncio e sem ouvir ninguém!
Mais uma vez o Governo altera as regras do jogo a meio. O Governo, que se preocupa em cumprir com a
troica, não tem a mínima preocupação em cumprir com a sua palavra face aos portugueses. O Governo volta a
falhar nos compromissos do Estado! O Governo volta a dar o dito pelo não dito! O Governo volta a frustrar sem
qualquer pudor as expetativas das pessoas que trabalharam anos e anos e que, entretanto, fizeram projetos
de vida que passavam pela antecipação da idade de reforma.
O Governo volta a recusar-se a aumentar a diversificação das fontes de financiamento da segurança social
e volta a pretender resolver o problema financeiro da segurança social pela via mais fácil, ou seja, através da