28 DE JUNHO DE 2012
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do conselho europeu mas são, evidentemente, considerados debates quinzenais com o Primeiro-Ministro. É
este o entendimento claro, Sr.ª Presidente?
É que, com sinceridade, gosto muito de clareza e não percebi, no meio de tantas explicações, se é assim
ou não.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É assim, é!
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, dependerá da interpretação que a Conferência de Líderes fizer
do Regimento em cada circunstância.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, lamento que não tenha tempo
para responder mas, de qualquer forma, queria lembrar-lhe que a soberania reside no povo — não sou eu que
o digo, é a Constituição da República — e, porque referiu os tratados, designadamente o Tratado de
Maastricht, lembro-lhe que o povo português não foi consultado.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Essa soberania, que reside no povo, foi, de facto, esbulhada e não foi
exercitada nesse momento de discussão e aprovação do Tratado de Maastricht.
É pena já não dispor de tempo para responder, Sr. Primeiro-Ministro, mas há um aspeto da ordem de
trabalhos do conselho que se inicia amanhã que quero referir e que tem a ver com o orçamento comunitário e
com o quadro financeiro de 2014-2020.
A realidade tem vindo a expor o esvaziamento sistemático do conteúdo daquele princípio tantas vezes
proclamado da coesão económica e social. O orçamento comunitário reduziu-o, como sabe, e devia ser um
instrumento de justa redistribuição dos meios financeiros mas a verdade é que está cada vez mais ao serviço
das grandes potências. A dita política de coesão é cada vez mais reduzida, mais subalternizada e
condicionada na utilização dos seus meios financeiros.
Uma vez mais, as grandes potências da União Europeia ditam as regras do jogo,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … os que mais ganham com a integração capitalista europeia já nem
se preocupam com o minimizar dos enormes custos do mercado único e da União Económica e Monetária
para os países economicamente menos desenvolvidos. Face a tais intenções de redução do quadro financeiro
para 2014-2020, aquilo que deveria fazer, Sr. Primeiro-Ministro — não lhe pergunto porque não tem tempo
para responder —, era rejeitar esta farsa de solidariedade que existe neste momento em relação à União
Europeia.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o imbróglio interpretativo em que se
enredou no princípio deste debate, e até agora, seria divertido se não fosse absolutamente entediante, porque
há uma questão de fundo que todos percebemos: para o Governo, o debate sobre política europeia é como se
fosse um debate sobre um tratado com um país africano ou um país latino-americano, de política externa.
Nesta bancada temos o seguinte conceito: quando se discute Europa, Portugal faz parte; quando se
discutem políticas europeias, Portugal faz parte; quando discutimos a troica, Portugal faz parte; quando
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do PSD. Diz o Sr. Deputado, a propósito do BCE: «queremos um papel mais ativo para o BCE
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, sem que o BCE faça esse empréstimo direto aos estados. Isto tem alguma lógica? Quem é que se anda, afinal
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por isso! O Sr. Primeiro-Ministro: — A Sr.ª Deputada perguntou também porque é que o BCE empresta aos bancos
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, e, portanto, também à Comissão Europeia, e, em simultâneo, ao BCE para prepararem uma visão de futuro
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