I SÉRIE — NÚMERO 3
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parte, ele representa a nossa disponibilidade para fazer esforços e sacrifícios, com redução evidente de
rendimento, que não permite manter o nível de importações que foi observado durante muitos anos, a verdade
também é que este resultado pertence aos trabalhadores portugueses e às empresas, que conseguiram
exportar mais, muito mais, do que aquilo que estava previsto.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, há dois outros aspetos, do nosso processo de ajustamento, que são muito relevantes.
Em primeiro lugar — o Sr. Deputado referiu e eu quero aqui também congratular-me com ele —, nós
conseguimos fazer este processo até hoje, protegendo os mais vulneráveis e atendendo àqueles que têm
menos rendimentos, de modo a poupar-lhes um sobre-esforço ou uma sobrecarga. Isso aconteceu, de forma
muito nítida, quando aumentámos as pensões mínimas, por forma a atualizá-las em relação à inflação; isso
aconteceu nos passes sociais; isso aconteceu no subsídio de desemprego; isso aconteceu na disponibilidade
que tivemos para trabalhar com as instituições de solidariedade social, colocando ao seu dispor mais meios
efetivos e mais cooperação para proteger aqueles que menos tinham.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, nós conseguimos, até hoje, mesmo quando tivemos de tocar nas pensões, deixar de fora
quase 90% dos pensionistas, em Portugal, procurando, portanto, ter um sentido de equidade na maneira como
distribuímos os sacrifícios.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas conseguimos também manter uma postura de diálogo e de concertação. Muitos, durante muitos anos,
falaram de diálogo e de concertação e nós conseguimos exibir factos relativos ao diálogo e à concertação.
Conseguimos, por essa razão, ter não apenas um acordo social como, do ponto de vista sectorial, acordos
relevantes na educação, na saúde, na área da economia, que mostraram, ainda recentemente, que é possível,
em reformas importantes e difíceis — como aquela que está a ser procurada, e que consta do nosso
Memorando de Entendimento, na área portuária —, e com vários sindicatos ligados à UGT e com a própria
UGT, estabelecer um acordo com os parceiros. Portanto, conseguimos trazer ao diálogo aqueles (não todos)
que também acreditam que é preciso dialogar, fazer concessão e chegar a um resultado que seja melhor para
o País do que aquele que tínhamos antes.
Isto é importante porque significa que não apenas Portugal conseguiu, junto dos seus credores externos e
dos seus parceiros, mostrar vontade de cumprir as metas e atingir os objetivos, como conseguimos fazê-lo
com diálogo, com concertação e protegendo, na medida das nossas possibilidades, os mais desfavorecidos.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas o Sr. Deputado fez-me também uma pergunta muito direta relativamente
às PPP. Já tive ocasião de, publicamente, referir que o Governo tem estado a trabalhar em duas áreas: uma,
que tem a ver com as subconcessões, e outra, que tem a ver com as concessões e, portanto, com as ex-
SCUT. São contratos de tipos diferentes, são situações realmente diferentes, do ponto de vista físico e
material, e não podem ter a mesma solução. Nuns casos, o Governo procurou fazer o que tinha de fazer:
impedir que a loucura continuasse. Portanto, aquilo que fez, logo que tomou posse, foi verificar o que é que
ainda não se tinha iniciado, e o que é que, tendo-se iniciado, ainda estava numa fase muito primária, e mandar
suspender e parar. Parar a sangria, parar o endividamento, parar a loucura! Foi isso que fizemos, num
primeiro momento.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.