I SÉRIE — NÚMERO 3
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Aplausos do PCP.
No entanto, há alternativa. Portugal e os portugueses não estão condenados a este caminho do
definhamento e do empobrecimento. Portugal tem potencialidades, desde que se olhe para os nossos
recursos, para a necessidade de reforço do aparelho produtivo e da produção nacional, para esta necessidade
fundamental da renegociação da dívida, para não termos sempre presente este garrote nos discursos do Sr.
Primeiro-Ministro.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Temos de repor os direitos, os salários, as reformas e as pensões
que têm sido esbulhadas por este Governo aos trabalhadores e aos reformados.
Há, de facto, alternativa, mas o Governo não a quer, não a aceita!
Por isso mesmo é que hoje há um elemento novo na situação política nacional: é que até aqui tínhamos
uma política do passado a ser executada por um Governo que parecia ter futuro; agora, com esta situação e
com uma nova consciência da maioria dos portugueses, temos uma política do passado com um Governo que
também já o é.
Não sei se este Governo vai ou não ser demitido, pode demorar algum tempo, mas Sr. Primeiro-Ministro,
particularmente o senhor e este Governo, também já pertencem ao passado, num quadro em que se exige
uma rotura e uma mudança nesta situação que estamos a viver.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o senhor, referindo-se às
manifestações que ocorreram há uma semana,…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E a outras!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … pareceu-me ter dito que teria ouvido da parte do Governo falar com alguma
arrogância relativamente ao que se passou.
Mas, espero, Sr. Deputado, que fique claro que o Governo tem uma posição de muita humildade
relativamente a isso. Não sugerimos aos outros que tenham esta ou outra atitude, mas julgo, Sr. Deputado,
que seria mau que houvesse quem tivesse a arrogância de reclamar aquilo que foi a manifestação que os
portugueses quiseram fazer.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Acha que fiz isso?!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ninguém fez isso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, digo aquilo que disse no início deste debate parlamentar: uma
democracia tem regras e essas regras devem ser observadas.
O Governo tem observado as regras da democracia, como lhe compete, e dentro das suas competências
exerce o seu papel, papel esse que lhe foi confiado pela decisão dos eleitores e será julgado pelos eleitores.
Saber se este Governo é do passado ou do futuro é o que decidirá o povo português, Sr. Deputado, não o
Partido Comunista Português.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Diz o Sr. Deputado que precisamos de repor salários, subsídios, outras compensações, que precisamos de
fazer marcha atrás e voltar ao passado. Esta foi, de facto, a imagem do Sr. Deputado…