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I SÉRIE — NÚMERO 4

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pior o Memorando da troica, ou entre os que o cumprem com ar arrogante e os que gostariam de o cumprir,

mas com ar pesaroso. A opção que os portugueses estão hoje obrigados a tomar é entre aceitar o jugo da

troica ou lutar por uma vida digna. E vai sendo cada vez mais claro que a escolha dos portugueses é pela

dignidade.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. António Filipe (PCP): — No próximo sábado, a manifestação convocada pela CGTP, em Lisboa,

será mais uma magnífica expressão da vontade do povo português de lutar contra esta política e este Governo

e de exigir uma política alternativa, que assuma a exigência nacional de uma renegociação justa da dívida

externa, que respeite os direitos de quem trabalha, que valorize os recursos nacionais e que assuma de vez a

rutura com a política que conduziu o País à situação desastrosa em que se encontra.

É nossa convicção de que o povo português, mais cedo que tarde, saberá encontrar esse caminho.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, Sr. Deputado António Filipe, o

silêncio da direita dá conta do desconforto que a mesma vive perante estas medidas. Tudo o que prometeram

ao País, afinal, cai agora por terra, medida após medida, porque a prática não bate com a teoria.

Percebemos muito bem que esse incómodo advém também da realidade concreta do País. O povo saiu à

rua e o Governo teve nas ruas a grande moção de censura. E só o Governo parece não ter percebido isso. No

dia 15 de Setembro, o Governo foi demitido nas ruas pelo povo e as ruas que transbordavam por todo o País

diziam que o Governo já não sabe governar, que o Governo falhou no essencial e não tem legitimidade para

pedir mais sacrifícios.

Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.

Hoje, sabemos que, afinal, o Governo não percebeu e não aprendeu esta lição. O Governo insiste no

embuste, finge que recua na TSU para, na prática, continuar e insistir no assalto aos salários das famílias.

Vozes do BE: — Exatamente!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Isto não é aceitável! E o povo já recusou esta política e já a percebeu,

porque quando perguntamos se os sacrifícios valem a pena, os números da execução orçamental demonstram

que este é o caminho da destruição e a seguir aos sacrifícios vem a recessão, que impõe mais sacrifícios e

depois traz mais recessão. O caminho da destruição não é o caminho para o futuro do País!

Quando perguntamos se os sacrifícios estão bem distribuídos, o povo também percebeu bastante bem que

não estão.

O Governo não ataca as parcerias público-privadas, o Governo não ataca as rendas abusivas, o Governo

só sabe atacar o rendimento das famílias, o salário, e o Governo, fanático por atacar o salário, não merece

governar.

Sabemos e vimos na rua o que sentiu Portugal inteiro. As ruas encheram-se no dia 15 de Setembro para

demitir o Governo.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Se o Governo insiste em não perceber aquilo que lhe foi dito pelo povo,

no dia 29 essa lição será repetida e esperemos que o Governo, desta vez, consiga perceber o que o povo lhe

diz.