I SÉRIE — NÚMERO 5
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A Sr.ª Presidente: — A Mesa regista cinco inscrições para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado
Fernando Negrão.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Como não disse nada temos de perguntar!
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se os Srs. Deputados Sónia Fertuzinhos, do PS, João Oliveira, do PCP,
Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, Heloísa Apolónia, de Os Verdes, e João Pinho de Almeida, do CDS-
PP.
O Sr. Deputado informou a Mesa de que pretende responder conjuntamente, primeiro, a um grupo de três
pedidos de esclarecimento e, depois, ao outro grupo de dois.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Fertuzinhos.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Fernando Negrão, a sua intervenção não
pode deixar de ser considerada, no mínimo, interessante.
Vozes do PSD: — Oh!…
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — O Sr. Deputado veio aqui falar de prudência, mas prudência foi a grande
justificação que a maioria e o Governo usaram para, há um ano, defenderem a tese de que era preciso ir além
da troica, de que era preciso ser mais «troiquista» do que a troica. Prudência, Sr. Deputado, foi a grande
justificação usada para cortar os dois subsídios à função pública e aos pensionistas. Prudência, Sr. Deputado,
foi a justificação, quase a única, que o Sr. Ministro das Finanças e o Sr. Primeiro-Ministro usaram para a
aprovação do último Orçamento do Estado, para apresentarem ao País um Orçamento que hoje sabemos
estar a ser ruinoso a todos os níveis.
O Sr. Deputado falou de demagogia no discurso. Estava a referir-se exatamente a quem e a que discurso?
Ao Sr. Primeiro-Ministro, quando falou no Pontal?
Sentido de justiça, Sr. Deputado?! Qual sentido de justiça? Aquele que fez aprovar a taxa social única?
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — O sentido de justiça que tem como grande estratégia para o País
empobrecer para começar a crescer de um momento para o outro, sem saber quando nem como?
Sr. Deputado, populismo?! Também gostei de o ouvir falar de populismo. Mas qual? O populismo do PSD e
do CDS durante a campanha eleitoral? O populismo do discurso que garantia que o corte nas «gorduras» do
Estado ia ser o a, o b e o c de tudo o que havia a fazer para pôr as contas em ordem, porque já não eram
necessários mais sacrifícios, para não falar da questão dos impostos?
E responsabilidade, Sr. Deputado? Gostei de o ouvir falar da responsabilidade. Mas qual? A que não
souberam assumir quando chumbaram o PEC 4? A que não souberam assumir quando negaram, durante
anos e desde o início, a crise internacional, que só agora descobrem, Sr. Deputado?
A verdade é que o vosso sentido de prudência, a vossa demagogia, o vosso populismo pôs o País na
situação em que nos encontramos.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Que vergonha!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — O incómodo é muito!…
O PS nunca negou as dificuldades.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
O PS nunca negou a crise internacional, o PS não precisou do Memorando para assumir as suas
responsabilidades.