I SÉRIE — NÚMERO 8
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Uma política que avance na reindustrialização do País, no combate ao défice agroalimentar, que potencie o
mar e as suas múltiplas atividades e que tenha como objetivo o pleno emprego.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma política que melhore as condições de vida dos portugueses,
valorizando os rendimentos do trabalho, as reformas e as prestações sociais, contribuindo assim para a
melhoria das condições de vida do povo mas também para a dinamização da nossa economia.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma política que garanta uma efetiva justiça fiscal, diminuindo a
carga sobre os rendimentos do trabalho, as micro e pequenas empresas e a população em geral.
Uma política fiscal que concretize a efetiva taxação da banca, que ponha fim à especulação financeira e ao
escândalo dos paraísos fiscais, que combata a fraude, a evasão fiscal e a fuga de capitais.
Uma política que trave e reverta o processo de privatizações que vai delapidando o património nacional e
que recupere para o Estado o controlo dos setores estratégicos da economia, desde logo com a
nacionalização da banca comercial, para os pôr ao serviço do desenvolvimento e do progresso.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma política que combata a exploração, que defenda e reponha os
direitos dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas.
Uma política que garanta o direito à educação, à saúde, à segurança social e à justiça, salvaguardando o
carácter público dos seus serviços e eliminando as restrições de acesso por razões económicas, e que
contribua para combater as desigualdades e as assimetrias regionais.
Uma política que respeite o poder local democrático e o seu papel junto das populações.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma política que defenda a soberania nacional e os interesses do
País, designadamente face à União Europeia.
Uma política alternativa que exige um Governo que a concretize. Um Governo patriótico e de esquerda,
capaz de romper com a lógica e o círculo vicioso que se instalou no País do sistema de alternância sem
alternativa de políticas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Deputados: O Governo que
hoje é confrontado com a nossa moção de censura é um Governo cada vez mais isolado, um Governo cada
vez mais desacreditado aos olhos dos portugueses. Os portugueses afirmam-no todos os dias, enchendo as
praças e as ruas deste País, como fizeram no passado dia 29, convocados pela CGTP (Confederação Geral
dos Trabalhadores Portugueses), fazendo transbordar o Terreiro do Paço, exigindo o fim deste Governo, um
ponto final nesta política e no pacto de agressão que tudo arruína, como haviam feito em 15 de setembro e em
muitas outras ações de luta, em particular nas empresas, contra o aproveitamento pelo capital das alterações
do Código do Trabalho.
O clamor de indignação e protesto que se ouve por todo o País resulta de o País sentir e ver que neste
Governo a injustiça perpassa todas as suas decisões, que é a iniquidade que reina em cada medida tomada.
O grito de revolta que atravessa o País resulta de hoje se saber, com cristalina evidência, que a preocupação
central e única deste Governo é descobrir e escolher a melhor forma de transferir os custos da crise para os
trabalhadores e para o povo.