6 DE OUTUBRO DE 2012
5
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não há outras políticas, não há outra preocupação senão esta:
promover o sistemático empobrecimento dos trabalhadores e do povo, cortando salários e reformas, cortando
nos direitos laborais e sociais, aumentando impostos sobre o trabalho e sobre o consumo, cortando nos
serviços públicos e aumentando os seus preços, retirando e diminuindo o alcance das proteções sociais no
desemprego, na doença e na velhice.
É um Governo que chegou onde chegou usando o engano, sem disfarce e sem pudor, na conquista dos
eleitores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Na caça ao voto valeu tudo!
Não havia aumentos do IVA, dizia o PSD;…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … nem de impostos, afirmava o CDS;…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … nem cortes no 13.º mês. Depressa esqueceram tudo para fazer o
contrário.
Dizia o PSD no seu programa eleitoral: «(…) queremos ser diferentes daqueles que nos governam e que
não têm qualquer sentido de respeito pela promessa feita ou pela palavra dada. Assumimos um compromisso
de honra para com Portugal. E não faltaremos, em circunstância alguma, a esse compromisso».
O Sr. Honório Novo (PCP): — Que descaramento!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O resultado, Sr. Primeiro-Ministro, é conhecido.
Aplausos do PCP.
O sentimento de repulsa que se colhe por todo o lado resulta da impossibilidade de já não haver artifício
que possa encobrir a farsa do discurso da equidade nos sacrifícios; de se saber que o anúncio de medidas de
agravamento fiscal sobre os rendimentos de capital é mera operação de diversão, areia para os olhos do povo;
de se saber que tudo cai, e de forma dolorosa, sempre sobre os mesmos — sobre os trabalhadores e sobre as
camadas intermédias do povo; da tomada de consciência de que o País competitivo de que falam é com o
povo na miséria.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O País não pode esperar até 2015. Os que se apressam a proclamar
que a rua não manda, que afirmam que o Governo não pode atirar a toalha ao chão porque está legitimado
para governar, mostram a sua indiferença sobre os destinos do País.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Os que dizem que são uma referência de estabilidade, quando são,
sim, uma referência de continuidade, não estão a pensar no País mas tão-só neles, no taticismo eleitoral, na
possibilidade de o poder lhes cair de podre no regaço para continuarem a mesma política de sempre,
indiferentes ao sofrimento do povo e à derrocada do País. Não, Srs. Deputados!