I SÉRIE — NÚMERO 17
40
Mesmo num tempo extremamente difícil, em que conhecemos as dificuldades das pessoas, a verdade é
que a taxa de cobertura, isto é, a percentagem de portugueses que, estando em si tuação de desemprego, tem
uma proteção social, aumentou, Sr. Deputado. A taxa de cobertura subiu 1%, no último ano.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não é verdade!
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Como é óbvio, quem nos dera que fosse
muito mais — não ponho isso em causa, Sr. Deputado —, mas a verdade é que, efetivamente, a taxa de
cobertura subiu. Sei isto, o Sr. Deputado também sabe e, às vezes, era importante que também o pudesse
dizer à Câmara.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado Jorge Machado, conseguiu salvar, in extremis, o seu
direito à réplica, ao ter ficado com algum tempo por utilizar.
Assim, tem a palavra, para uma breve réplica, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, o
senhor diz que, se não fosse a troica, não havia dinheiro para salários e pensões, mas nunca o ouvi dizer que
não haveria dinheiro para pagar as PPP e os grandes benefícios fiscais dos grandes grupos económicos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Ah, pois é!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Para esses, haveria, com certeza, dinheiro, não é, Sr. Ministro?!
Depois, fala de compromissos que têm de ser respeitados. Então, e os compromissos para com os
reformados, que descontaram uma vida inteira para terem direito à sua reforma?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E os compromissos com os trabalhadores, que têm direitos conquistados,
durante longos anos de luta, no nosso País?! Esses compromissos não são para ser respeitados, Sr. Ministro?
Então, digo-lhe que a verdade dura e crua é a de que, hoje, há cada vez mais famílias que não têm
dinheiro para pagar a água, a luz ou o gás. Hoje, graças ao CDS e ao PSD, há cada vez mais famílias que
cortam na alimentação e naquilo que é essencial, passando cada vez mais dificuldades. E não diga que não
há alternativas, Sr. Ministro. Se quiser, corte nas PPP, corte nos grandes lucros dos grandes grupos
económicos, corte nas fortunas, corte nos milhões de euros em benefícios fiscais. Não corta nestes, porque
não quer, porque tomou a opção clara e inequívoca de atacar quem menos tem e quem menos pode, para
manter os privilégios dos mais ricos noutros países. Não há mistificação e propaganda que o salvem desta
realidade dura e crua!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Solidariedade e da
Segurança Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado,
registo que, relativamente às matérias do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, não fez mais
nenhuma pergunta, pelo que deve estar esclarecido.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Realmente, estou!