27 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos agora passar à terceira ronda de perguntas,
para o que tem a palavra a Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, no dia 12 de novembro de 2011, na
discussão do Orçamento do Estado para 2012, o Sr. Ministro disse o seguinte: «Essencial, num clima de
austeridade, é a dimensão da solidariedade, da resposta social perante os mais fracos e os mais
desfavorecidos.
É por isso que, neste Orçamento do Estado, a verba que serve para dar resposta às famílias, a verba da
ação social, cresce. Cresce de forma significativa, cresce em mais de 16% e cresce em rutura e em contraste
com o que se verificou no último Orçamento do Estado.
Isto é possível porque o Governo com consciência social percebeu que, numa altura de dificuldades, era
possível reforçar o Plano de Emergência Social.
Este reforço não é para gastar em burocracia, é para investir nas pessoas. A consciência social não se
proclama, pratica-se.»
Isto foi o que o Sr. Ministro proclamou, mas importa, agora, verificar o que o Sr. Ministro praticou.
De acordo com o relatório da UTAO relativo à execução orçamental de janeiro a agosto de 2012, o País
ficou a saber o seguinte: «A execução relativa ao Plano de Emergência Social encontra-se abaixo do previsto
no Orçamento do Estado para 2012, em virtude de apenas terem sido transferidos para a segurança social 2
milhões de euros referentes a este Plano e ao Apoio Social Extraordinário ao Consumidor de Energia.»
A confirmarem-se estes números sobre a sua prática, o relatório da execução orçamental da segurança
social de setembro de 2012, que é da sua responsabilidade, confirma, de forma muito clara, no quadro da
execução orçamental da segurança social de janeiro a setembro de 2012, que dos 30 milhões proclamados
para o apoio extraordinário ao consumidor de energia o Sr. Ministro praticou 2 milhões e que dos 200 milhões
de euros proclamados para o Plano de Emergência Social o Sr. Ministro, o Ministro do CDS com a pasta da
segurança social e da solidariedade deste Governo praticou, nada mais nada menos, que 0%, Sr. Ministro!
Aplausos do PS.
Mas se alguém tiver dúvidas em relação a estes números e à verdade olhemos para a execução da
despesa com a ação social, que está abaixo do que devia estar. Sr. Ministro, a despesa com a ação social é,
em 2012, mais baixa do que em 2011 e desmente completamente as suas proclamações.
O Sr. Ministro bem pode dizer que está preocupado com as IPSS, mas isso, simplesmente, não é verdade
e os números, desde logo, e sobretudo os seus, desmentem-no completamente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Solidariedade e da
Segurança Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, começo por
lhe dizer que gostei muito de a ouvir, e não só na parte em que citou o meu discurso.
E gostei muito de a ouvir quando, citando o relatório da UTAO, a Sr.ª Deputada disse — e é verdade — que
a verba transferida do Ministério das Finanças para o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social
relativa ao Programa de Emergência Social é baixa. Sabemos isso, Sr.ª Deputada! É verdade, já o disse nesta
Câmara, já tinha dito anteriormente que essa verba, por dificuldades técnicas, só começou a ser transferida
em setembro de 2012.
Vozes do PS, do PCP e do BE: — Ah…!
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Mas sabe, Sr.ª Deputada, uma coisa é o
recebimento da verba e outra coisa é a execução do Programa de Emergência Social.