I SÉRIE — NÚMERO 17
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Srs. Deputados, o quadro eletrónico regista a presença de 198 Srs. Deputados, a que acrescem 3 Srs.
Deputados, que farão o favor de proceder ao seu registo presencial junto dos serviços, o que perfaz u m total
de 201 Deputados presentes, havendo, por isso, quórum de deliberação.
Começamos por apreciar e votar o voto n.º 83/XII (2.ª) — De pesar pelo falecimento do poeta, escritor e
jornalista Manuel António Pina (PSD, PS, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes).
Peço ao Sr. Secretário, Deputado Jorge Fão, o favor de proceder à leitura do referido voto.
O Sr. Secretário (Jorge Fão): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«‘Desceste em andamento; afinal era / tudo tão inevitável como o resto/ Viraste-te para o outro lado e
sumiram-se/ da tua vista os bons e os maus momentos’.
O desaparecimento de Manuel António Pina, no passado dia 19 de outubro, aos 68 anos, traz-nos à
memória estas suas palavras, e hoje nesta Câmara prestamos homenagem ao poeta, escritor, jornalista, ao
homem inteligente, talentoso e generoso que prematuramente ‘desceu em andamento…’
Manuel António Pina nasceu no Sabugal, em 1943, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e
vivia no Porto. Foi jornalista do Jornal de Notícias durante três décadas, onde trabalhou como repórter,
redator, editor, chefe de redação e colunista. A sua crónica diária Por outras palavras, tornou-se uma
referência pelo seu desassombro e acutilância.
Publicou livros de poesias como Nenhum sítio, Um sítio onde pousar a cabeça, Cuidados intensivos,
Nenhuma palavra, nenhuma lembrança, Os livros e Como se desenha uma casa.
Na área da literatura infantil, destacam-se O país das pessoas de pernas para o ar, O têpluquê, Gigões &
anantes, História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas e O tesouro.
Escreveu ainda peças de teatro e canções infantis. Foi fundador da Companhia de Teatro para a Infância
Pé de Vento.
A sua obra está traduzida em França (francês e corso), nos Estados Unidos, em Espanha (castelhano,
galego e catalão), na Dinamarca, na Alemanha, nos Países Baixos, na Rússia, na Croácia e na Bulgária.
Ao longo da sua carreira, recebeu inúmeros prémios e galardões, tendo sido, em 2011, Prémio Camões.
Manuel António Pina quis ser santo e detetive, foi jornalista e poeta. ‘A humildade é importante nas letras e
na vida’, lição que disse ter herdado do jornalismo. Considerava que era necessário ter vidas paralelas, pois a
vida quotidiana era ‘demasiado humana’.
Sobre essa noção de vidas paralelas acrescentava: ‘É natural que queiramos evadir-nos quando nos
sentimos agarrados pela vida corriqueira (pois), somos muitos ao mesmo tempo, somos aqueles que
sonhámos, somos sobretudo aquilo que tememos e que desejamos’.
A Assembleia da República, reunida em Plenário, junta-se a todos os que lamentam a perda deste nome
maior da literatura e do jornalismo português, como um empobrecimento da cultura e do pensamento cívico, e
endereça à família de Manuel António Pina e ao Jornal de Notícias o testemunho do seu mais solidário pesar».
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 83/XII (2.ª), que acaba de ser
lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, vamos guardar 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Passamos à votação do projeto de resolução n.º 479/XII (2.ª) — Deslocação do Presidente da República a
Cádis (Presidente da AR).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Vamos votar o Orçamento da Assembleia da República para 2013.