I SÉRIE — NÚMERO 18
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Disse a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca que este Governo precisa de prestar contas. Sr.ª Deputada, este
Governo presta contas com grande regularidade neste Parlamento e perante todo o País.
A Sr.ª Deputada Mariana Aiveca não devia estar com certeza no Hemiciclo quando respondi ao Sr.
Deputado João Semedo e a outros Srs. Deputados, mas vou voltar a dizer, Sr.ª Deputada, o seguinte: não,
nós rasgaremos a Constituição da República Portuguesa. Queremos defender os direitos sociais dos
portugueses e sabemos, hoje, que não basta a Constituição da República Portuguesa protegê-los, é preciso
que o Estado tenha os meios necessários para poder fazê-lo.
Vale de pouco, disse eu, a Constituição da República Portuguesa contemplar esses direitos se o Estado
não tiver os meios necessários para os prover. E não, Sr.ª Deputada, de uma vez por todas, não estamos a
preparar segundo resgate nenhum!
O Sr. Deputado Eduardo Cabrita fez várias perguntas e disse uma coisa que me pareceu uma autêntica
salada russa: disse que estávamos a preparar um caldo de cultura que tem um caos à grega, um desemprego
à espanhola e uma dívida à italiana. Abrenúncio!… Creio que nenhum português deseja tal e garanto, Sr.
Deputado, este Governo não está a preparar nada disso.
Finalmente, o Sr. Deputado António Rodrigues perguntou se este Orçamento do Estado permite contribuir
para a credibilização do País e se aposta no desenvolvimento.
Sr. Deputado, aproveito essa sua pergunta final para dar a seguinte síntese da minha participação neste
debate de Orçamento do Estado.
O Governo apresentou a esta Câmara o seu segundo Orçamento do Estado, que, nas suas linhas
essenciais, é crucial para que Portugal possa cumprir o Memorando de Entendimento e para que possa, junto
dos seus credores, honrar os compromissos que assumiu.
Este Orçamento, nesse sentido, está em linha com os resultados da 5.ª avaliação do Memorando de
Entendimento e só pode ser visto no contexto de todo o esforço que o Governo, o Estado e o País devem
ainda produzir, até 2014, para criar um novo patamar qualitativo de despesa sustentável ao nível do Estado,
que nos obrigará a rever a forma como a própria estrutura da despesa pública está instituída no nosso País.
Para esse efeito, convocamos todas as forças políticas, com especial responsabilidade para aqueles que
negociaram o atual Memorando de Entendimento e para os que tiveram responsabilidades de Governo em
Portugal nos últimos anos.
Estamos convencidos que esse debate é um debate patriótico e nacional, que precisa de ser feito com o
contributo de todos. Nós convocamos todos para esse debate.
Sr. Deputado, espero que o País possa avaliar da disponibilidade de cada um para dar a sua participação e
o seu melhor para resolver os problemas que o País tem.
O Governo nunca fugirá às suas responsabilidades. É por isso que é Governo; é por isso que governa; é
por isso que apresenta este Orçamento do Estado; é por isso que vai discriminar 4000 milhões de euros em
medidas permanentes de corte de despesa pública; é por isso que enfrentará todos os dias os portugueses,
dizendo-lhes o seguinte: a situação que vivemos é historicamente sensível e grave. Não há memória viva em
Portugal de um período tão difícil como o que atravessamos. Ao fim de quase um ano e meio, este Governo
orgulha-se de ter conseguido ser visto pelos seus parceiros europeus e pelos parceiros internacionais como
um parceiro credível e fiável e o País tem beneficiado…
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Vê-se, vê-se…!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … não apenas desse prestígio do Governo mas também de uma imagem de
País que quer cumprir, em que o consenso social é preservado, apesar das muitas diferenças que nos dividem
e apesar da angústia e da desesperança de muitos portugueses com a situação difícil que estão a viver. Mas é
justamente para podermos ultrapassar essa situação que precisamos de estar mais unidos do que nunca…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e a capacidade de nos mostrarmos unidos para vencer esta crise é o que
dará a Portugal o seu cheque de saída desta crise e o retorno a um padrão de crescimento para o futuro e
para as novas gerações.