I SÉRIE — NÚMERO 18
46
Sr. Deputado, em 2005, o rácio de dívida pública em Portugal, quando o Partido Social Democrata e o
CDS-PP saíram do governo, era de 62,5%. Em 2010, antes do pedido de resgaste que ocorreu em 2011, o
rácio da dívida era de 93%. Sr. Deputado, o que é aconteceu para que, durante a responsabilidade do Partido
Socialista, entre 2005 e 2010, o rácio da dívida pública tivesse passado de 62% para 93%?!
Protestos do PS.
O que é que se passou, Sr. Deputado? O que é que se passou?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Vozes do PS: — Sim, diga lá!
O Sr. João Galamba (PS): — O que terá sido?!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Essa dívida é responsabilidade de quem, Sr. Deputado? É minha?!… É das
bancadas do PSD e do CDS-PP?!…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E diz o Sr. Deputado: «seja sério, seja sério, Sr. Primeiro-Ministro!» Sr. Deputado, há limites para a
demagogia!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
Depois, pergunta ainda o Sr. Deputado, e também o líder do Partido Socialista: «porque é que os senhores
têm 7500 milhões de euros no Banco de Portugal guardadinhos para a banca?»
Sr. Deputado, tenho todo o gosto em esclarecer — aliás, isto já está abundantemente esclarecido e o
Partido Socialista tem esta informação de sobejo — e dizer-lhe que Portugal tem, no âmbito do Memorando de
Entendimento, um envelope financeiro de 12 000 milhões de euros para proceder a recapitalizações na banca.
Esse montante não está disponível para outras utilizações, Sr. Deputado. Não está!…
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Então, refunda isso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, não podemos dispor dessa disponibilidade financeira a não ser para
recapitalização da banca.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — É para a refundação da banca!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Perguntou o Sr. Deputado: «podemos ou não deixar um programa de
recapitalização da banca desguarnecido para o futuro?»
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Os senhores deixam é os portugueses desguarnecidos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, Sr. Deputado! Em consciência, não posso fazer isso. Em consciência,
não posso fazer isso! Posso, evidentemente, à medida que o tempo o permitir, colocar perante a troica a
necessidade de fazer outras utilizações desses valores…
Vozes do PS: — Ah!…