I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. António José Seguro (PS): — Porque este Orçamento do Estado, o vosso Orçamento do Estado, é
um Orçamento do Estado condenado ao insucesso. Ninguém acredita nele, a começar pelo próprio líder do
CDS e Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros!
Não há nenhum economista em Portugal, a começar por economistas do PSD e economistas do CDS, que
acredite no cenário macroeconómico.
Protestos do Deputado do CDS-PP Artur Rêgo.
Mais: se o Sr. Deputado falar com, pelo menos, o ilustre economista que tem na sua bancada, em
consciência, ele não pode dizer-lhe que a recessão será de 1%, no próximo ano.
Protestos do Deputado do PSD Emídio Guerreiro.
Há algo que tenho de perguntar às Sr.as
e aos Srs. Deputados da maioria: como é que os senhores se
sentem quando, em agosto, em pleno verão, na festa do Pontal, o Sr. Primeiro-Ministro, que aqui está
sorridente, dizia «para 2013 prometo-vos crescimento económico», e agora, passadas poucas semanas,
apresenta-vos um Orçamento do Estado para 2013 com mais austeridade a carregar em cima de austeridade?
Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
Como é que os senhores se sentem? O que é que têm a dizer aos portugueses?!
Aplausos do PS.
Os portugueses que confiaram nos senhores — e, estou convencido, a maior parte deles já estará
arrependida — não vos confiaram um mandato para o passarem a olhar para o passado;…
Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
… confiaram-vos um mandato para governar, e o que os senhores estão a fazer é a governar mal e a não
honrar o mandato que os portugueses vos entregaram!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Grupo Parlamentar do PSD.
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as
e Srs. Membros do Governo,
Sr.as
e Srs. Deputados: A discussão e aprovação do Orçamento do Estado constituem um marco político
singular no nosso debate democrático. Um marco que assinala opções e escolhas, com alcance direto na vida
das pessoas, das famílias e das empresas; um marco que determina o rumo e o futuro da comunidade, da
relação entre o papel do Estado na organização social com a contribuição de cada cidadão; um marco de
afirmação das políticas públicas na prossecução de mais justiça, mais equidade e mais igualdade de
oportunidades.
Mas um debate do Orçamento, sendo tudo isto, não pode desligar-se da realidade política e social em que
tem de se enquadrar, anualmente. As opções e as escolhas de hoje têm, por isso, de se conjugar com a real
situação em que nos encontramos.
Essa realidade é de todos conhecida: Portugal acumulou défices, habituou-se a viver com défices
excessivos e foi financiando esses défices com a contração de dívidas.
Ora, como acontece em qualquer orçamento, a repetição descontrolada do mecanismo do endividamento
para suprir o desequilíbrio orçamental tem um custo: a dívida torna-se insuportável, quer pela sua dimensão