2 DE NOVEMBRO DE 2012
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Orçamento do Estado para 2013 tudo agravará, exceto, esperemos, o défice público. A resposta, portanto, é
não, e não. Os Orçamentos não enganam. Este Orçamento é mau, é mesmo um Orçamento muito mau!
Aplausos do PS.
Por isso, o PS votará contra este Orçamento.
Temos consciência de que aos Deputados das bancadas do PSD e do CDS que vierem a votar
favoravelmente este Orçamento o Governo também está a pedir um exercício muito doloroso, um exercício
feito — pondero bem o que digo — com duvidosa consciência.
Todos sabemos que o Primeiro-Ministro anunciou que ia enviar uma carta ao Secretário-Geral do PS
procurando condicionar este debate; no entanto, as oito intervenções feitas ontem em Plenário pelos
Deputados do PSD foram, todas elas, centradas num ataque sem tréguas ao Partido Socialista. Houve, hoje,
uma exceção que devo referenciar, o tom diferente do Sr. Deputado Miguel Frasquilho. Não contou a história
toda, contou uma história incompleta, mas teve um tom diferente. Porém, «uma andorinha não faz a
primavera».
Aplausos do PS.
Do PSD não se ouviu, ao longo deste debate, um único contributo construtivo. A isto chama-se má-fé ou
esquizofrenia política. Por carta convida-se à participação; nas palavras prevalece a agressividade, roçando a
teimosia, a cegueira e o deslumbramento com o poder.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — O vosso!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Este aparente paradoxo nas hostes do Governo, e em particular do PSD,
revela, no entanto, Sr.as
e Srs. Deputados, uma outra coisa: a agenda escondida da maioria; a agenda que
constitui o seu principal desígnio — a agenda da demolição do Estado social. Uma agenda que nasceu com o
projeto de revisão constitucional apresentado ainda na oposição e atabalhoadamente retirado para não
prejudicar a operação de tomada de poder.
O Primeiro-Ministro, na altura líder da oposição, recuou mas não desistiu. Montou uma estratégia de
chegada ao poder e ganhou legitimidade democrática. Depois, montou uma outra estratégia ainda mais
sofisticada, uma estratégia de empobrecimento, seguida de uma bomba atómica fiscal, para tentar fazer com
que os portugueses aceitem a destruição do Estado social. Com esta estratégia, manietou ao mesmo tempo o
CDS, emaranhado que está no seu labirinto de escolha entre ser o partido do contribuinte, que já foi, ou
partido da coligação dos impostos, que agora é.
Os portugueses, Sr. Primeiro-Ministro, não aceitarão, dirão não à sua estratégia. Os portugueses não
aceitarão a demolição do Estado social e terão sempre o PS ao seu lado para evitar a ofensiva que contra ele
está lançada.
Iniciei esta breve intervenção chamando a atenção para a solenidade do momento, para a sua importância
democrática. Este debate, Sr.as
e Srs. Deputados, não é um ritual. Estamos aqui para decidir sobre a vida das
pessoas, sobre os seus sonhos e projetos, sobre as suas expetativas e desejos. Somos representantes dos
eleitores na Casa da democracia. Não podemos faltar à verdade objetiva: este Orçamento é mau, este
Orçamento é mesmo muito mau. Não merece ser aprovado, terá o voto contra do Partido Socialista e deveria
ser rejeitado por esta Câmara.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Mendes Bota e
Hélder Amaral.
Tem a palavra o Sr. Deputado Mendes Bota.