I SÉRIE — NÚMERO 19
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O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, V. Ex.ª tem todo o direito de
vir aqui exprimir as suas discordâncias, mas tem o ónus de argumentar. Ora, assistimos há pouco, da tribuna,
a uma argumentação vazia de conteúdo, a uma argumentação completamente vazia de quaisquer propostas
concretas.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Mais radica num complexo de intuitos político-partidários do que
propriamente no sublimar da razão.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr. Deputado, queria recordar-lhe que foi Almeida Santos quem disse, um
dia, que Francisco Sá Carneiro, no tempo da ditadura, era um Deputado a sério num Parlamento a fingir. Eu,
que tenho tanta consideração pessoal e política por V. Ex.ª, lamento bastante ter aqui assistido hoje ao Sr.
Deputado prestar-se ao papel de ser um Deputado a fingir num Parlamento a sério.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Vou dizer-lhe em que consistiu esse papel de fingimento. O Sr. Deputado conseguiu falar durante todos
aqueles minutos e fingir que nada aconteceu até ao dia 6 de junho de 2011. Fingiu que nada responsabiliza o
Partido Socialista na situação que deixou para o Governo atualmente em funções; fingiu que nada aconteceu
num partido que sustentou um Governo que deixou o País à beira da bancarrota, à porta do cemitério
económico, a pagar juros pela esmola que recebe lá de fora.
O Sr. Deputado esqueceu-se, mas o povo português não esquece, porque não tem a falta de memória que
muitos pensam, sobre aquilo que se passou. E entre aquilo que se passou tivémos a máquina de propaganda
oficial do anterior Governo. Não esquecemos o teleponto; não esquecemos os comícios com figurantes
estrangeiros de turbante; não esquecemos quem colocou o País no top 10 dos países mais endividados do
mundo; não esquecemos quem proliferou o amiguismo e a mordomia dos interesses instalados; não
esquecemos quem preferiu que houvesse uma generalização da desorçamentação dos investimentos públicos
para escapar ao controlo parlamentar. Não estamos esquecidos dos sonhos caros — do aeroporto da Ota, da
terceira travessia sobre o Tejo, do TGV, das PPP, do Magalhães. O povo português, de facto, não esqueceu!
O Sr. Deputado Carlos Zorrinho fez aqui um exercício de acusação infundada. Disse, ou previu, que este
Orçamento do Estado falhará estrondosamente os seus objetivos em 2013. Também disse que foi um absoluto
falhanço a execução orçamental de 2012. Disse ainda que este Orçamento é mau e que o PS irá votar contra
ele. Mas qual é a novidade? O PS até anunciou que ia votar contra ainda mesmo antes de conhecer qual era o
conteúdo deste Orçamento.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Vem o Sr. Deputado Carlos Zorrinho dizer que nós, PSD e CDS, as bancadas que apoiam este Governo,
estamos aqui a apelar a um consenso, a apelar ao diálogo com o Partido Socialista mas que no discurso não
fazemos mais do que acusar o Partido Socialista.
Faço lembrar aquele discurso, no 25 de Abril, há muito pouco tempo, onde foi o Sr. Deputado Carlos
Zorrinho a defender que houvesse em Portugal uma rutura democrática. Esse não é o caminho que Portugal
precisa.
AplausosdoPSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado Carlos Zorrinho pretendeu cavalgar a onda do descontentamento em cima da prancha da
demagogia e isso não o vai levar a lado nenhum.