I SÉRIE — NÚMERO 19
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Como o tempo demonstrará, o que o
Governo está disponível para fazer e vos pedir não é um contrato de adesão. O que oferecemos é uma atitude
de abertura para um acordo nacional para resolver uma questão estrutural — o peso da despesa e da sua
inércia —, com abertura àquele que é o vosso olhar, a vossa sensibilidade e a vossa medida de razoabilidade
para o conseguir.
Um último ponto: também não serve de argumento a estafada ideia de que pretendemos pôr em causa o
Estado social,…
Protestos do PS e do PCP.
… desde logo porque o Estado social na Europa é uma construção tributária dos democratas-cristãos, dos
sociais-democratas e dos socialistas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Essa é uma mentira histórica!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Permitam-me que não deixe passar sem um
reparo a vossa presunção de que basta ser socialista para ter melhor coração. É uma presunção que não
resiste a factos que também são dolorosos da vossa própria contingência quando repararam tarde — a meu
ver, já muito tarde — no precipício financeiro que se avizinhava a galope.
Foram VV. Ex.as
obrigados a congelar pensões, que, curiosamente, este Governo descongelou; foram VV.
Ex.as
compelidos a tributarem em IRS prestações sociais, que, curiosamente, este Governo lutou para isentar;
foram VV. Ex.as
forçados a estancar o apoio a casais desempregados, que, curiosamente, este Governo
reabriu; e foram VV. Ex.as
que até aceitaram condições quanto aos prazos do subsídio de desemprego, que
nós, curiosamente, não aceitámos.
Vozes do CDS-PP: — Bem lembrado!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Dito isto, o facto de o Estado social ser uma
obra conjunta do humanismo cristão e do humanismo laico na Europa…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Essa é uma mentira histórica!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — … não significa que o Estado social não
precise de ser reformado precisamente para ser protegido.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Fale deste País!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — A globalização não espera nem é compatível
com uma sociedade onde só há direitos e são todos adquiridos. E digo isto com o à-vontade de quem tende a
pensar que no mundo da globalização há tantos liberais que eu, pela minha parte, estou dispensado de dar o
meu modesto contributo nessa praia.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas olhe que dá! Neste Orçamento do Estado dá e bastante!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Reformar é defender o Estado social. Deixar
tudo tal qual está é condená-lo à insustentabilidade, bastando para isso observar factos objetivos como a