I SÉRIE — NÚMERO 19
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preconceito antigo, é um preconceito perigoso e, sobretudo, é um preconceito que faz mal à coesão e à
unidade da Europa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Se uma crise financeira demora anos a resolver, uma crise de pertença pode demorar muito mais tempo a
curar.
O segundo risco é o da divergência entre a retórica política e a prática institucional.
Como o Primeiro-Ministro ontem salientou, temos pela frente uma negociação difícil, a negociação das
próximas perspetivas financeiras com um quadro de referência que é crítico, em que os países contribuintes
querem contribuir menos e os países beneficiários arriscam, em consequência, receber menos. Dá-se até o
caso de haver novos Estados para ajudar, pelo que o bolo a distribuir é mais enxuto para todos.
Mas, ainda assim, numa Europa onde há recessão a mais e desemprego a mais, os fundos estruturais são
indispensáveis para o crescimento, e ainda o são mais para países que estão sob ajustamento,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — E os cortes nas pensões?!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — … porque carecem de regras especiais que
envolvem uma negociação política.
Portugal tem interesses a defender na coesão e na PAC e terá de os acautelar da melhor forma. É muito
infeliz a perspetiva de que há um impasse na União, impasse que se centra na diferença entre 1% e 1,1% do
PIB europeu, porque há aqui uma distância entre uma certa retórica e uma certa prática em termos
institucionais.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E o assalto aos contribuintes?!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — A Portugal convém, obviamente, um
compromisso e, mais uma vez, para Portugal e para muitos outros Estados, a Comissão é o aliado preferencial
nesta matéria.
O terceiro risco é o de que a própria união bancária não é isenta de tensões, sobretudo porque convoca os
países que são Europa mas não são euro para dilemas que não são simples nem fáceis.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Descarregou o alforje para o PSD! Hoje, só o PSD é que carrega o alforje às
costas!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Depois da crise que vivemos, a maior
integração orçamental e bancária é inevitável. O desafio está em conseguir que a zona euro saia mais forte
sem que isso permita que a Europa fique mais frágil.
Tudo isto acontece, aliás, em tempos em que as tentações de secessão percorrem várias regiões da
Europa. Ora, no mundo da globalização, o retorno ao estádio dos nacionalismos, quando não ao dos
extremismos, não só não é competitivo como convoca memórias de uma Europa que viveu demasiadas
guerras para ter o dever de não as esquecer.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Europa é, em si mesma, uma zona de conforto viável para a convivência entre as identidades regionais,
nacionais e europeia, porque o ponto de convergência é, precisamente, o de serem todos europeus.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isto é para o CDS-Madeira! Já percebi!