2 DE NOVEMBRO DE 2012
65
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Por que é que, a nosso ver, o PS não deve sentir como uma ameaça nem deve sentir como uma excessiva
solidão esta vontade de compromisso? Porque sendo a despesa estrutural uma questão nacional, a abertura
do Governo para um acordo deve ser partilhada tendo em atenção uma forte valorização da concertação
social e uma boa colaboração com os demais órgãos de soberania.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Quando o que está em causa é um objetivo
nacional, permitam-me destacar, sem evidentemente desmerecer ninguém ou qualquer instituição, o papel
decisivo da UGT como fator de coesão social e o papel integrador do Sr. Presidente da República como fator
de consenso político.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Como, às vezes, acontece na política portuguesa, a abertura do Governo para este acordo nacional,
mesmo antes de ser verificada na sua essência e autenticidade, causou no PS um receio: o de que estaríamos
a falar obrigatória ou necessariamente de uma revisão constitucional. É um receio infundado! A nossa
proposta não é um gesto para a galeria, é autêntica. Por ser autêntica, implica disponibilidade e por implicar
disponibilidade, significa aceitar negociações, compromissos e cedências de parte a parte.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas logo se levantou uma querela constitucional. Com a prosaica legitimidade que tenho — presido ao
único partido que, nesta Câmara, votou contra a Constituição por não sentir que ela fosse de todos nem para
todos —,…
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — … acreditem nisto que vos quero dizer: se, no
início de um processo, as avaliações definitivas são imprudentes, é certo e pode dizer-se que várias políticas
transversais para reduzir a dimensão da despesa não carecem de qualquer alteração constitucional,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — … mas carecem certamente de política. E de
política com talento e de política com vontade de compromisso.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Este debate teve os seus momentos de
tensão, mas suponho não errar se disser que o Secretário-Geral do Partido Socialista não disse liminarmente
que não. Aproveitemos com cuidado esse espaço, porque o bem que está em causa é um bem maior.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Acresce um ponto: o facto de várias medidas estruturais de redução da despesa não carecerem da
complexidade de uma revisão constitucional torna ainda mais necessário o contributo do Partido Socialista. E
a razão parece-me simples: se o preço ideológico é menor, então o contributo pragmático para as soluções
pode e deve ser maior.