I SÉRIE — NÚMERO 23
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, lamentamos ouvir essa resposta por
parte do Ministério da Saúde. Até porque, Sr. Secretário de Estado, é exatamente pelas poupanças que têm
sido feitas em termos de medicamentos — o Sr. Secretário de Estado sabe muito bem quanto é que isso
significou em termos do Serviço Nacional de Saúde — que seria possível transferir essas verbas para este
fundo, respondendo a uma questão que é fundamental: é que neste momento existem hospitais que não têm
capacidade financeira para responder aos seus doentes em termos de determinados medicamentos,
medicamentos raros. Ora, é preciso dar resposta a isto, Sr. Secretário de Estado, pelo que lamentamos
profundamente que o Governo se feche sobre esta matéria em nome da sua estratégia de racionalização, isto
é, racionalizando ainda mais no Serviço Nacional de Saúde.
Onde é que vamos chegar, Sr. Secretário de Estado?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da Saúde.
O Sr. Secretário de Estado da Saúde: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, de facto, o custo com os
medicamentos tem descido. É uma verdade insofismável. Mas não foi à custa das pessoas, penalizando as
pessoas, penalizando os doentes. O custo com medicamentos tem descido, porque as rendas excessivas da
indústria farmacêutica desceram, os lucros das empresas desceram.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Secretário de Estado da Saúde: — Ou seja, as poupanças que o Governo tem gerado nesta área
são, de facto, para serem mantidas, sem sacrifício das pessoas. Esta é a verdade!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Não havendo mais inscrições, vamos prosseguir.
A Mesa não regista pedidos de palavra para intervenções no que respeita às propostas de artigos 146.º-A,
146.º-B, 148.º-A, 148.º-B e 148.º-C, bem como em relação aos artigos 147.º, 148.º, 149.º e 150.º.
Está inscrito, para uma intervenção, a propósito do artigo 151.º — Atualização das taxas moderadoras, o
Sr. Deputado Nuno Reis, a quem dou, de imediato, a palavra.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados,
relativamente a este pacote legislativo para o setor da saúde, importa dizer o seguinte: é público que o sistema
de comparticipação de medicamentos vai ser revisto, centrando-o na condição económica e na patologia, e
não nas moléculas.
Por outro lado, mesmo no ambulatório, temos de impor uma avaliação fármaco-económica antes de fixar a
comparticipação. Dar a comparticipação, cegamente, como o Bloco de Esquerda propõe, só porque um
medicamento é útil numa determinada patologia, inflaciona o seu preço e dá um sinal errado à indústria
farmacêutica. E, designadamente, alargar o regime a todos os medicamentos para tratamento de Alzheimer
não é razoável, pois não são todos iguais, a sua eficácia é limitada e grande parte do tratamento das
demências é feita com medicamentos dirigidos aos sintomas e não à causa da doença, que, aliás, é
desconhecida.
Quanto aos antidepressivos, e não antidepressores, como o Bloco de Esquerda, erradamente, lhes chama,
padecem do mesmo problema, ou seja, não são todos iguais.
A proposta do Bloco de Esquerda relativa à comparticipação dos tratamentos da dependência da nicotina
faz algum sentido, mas esta situação será avaliada pelo Governo em moldes algo diferentes daqueles que o
Bloco propõe.