27 DE NOVEMBRO DE 2012
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Protestos do PS.
Na prática, se não quisermos falar em algo que ainda não aconteceu, a proposta representa também
metade do desvio do que já se verificou no último relatório das parcerias público-privadas, que são 280,6
milhões de euros.
Portanto, a vossa proposta nem cobre o prejuízo que VV. Ex.as
já deram e que já fi confirmado em todos os
relatórios.
Vozes do CDS-PP: — Ora bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Depois, a vossa proposta é também juridicamente perigosa, porque há
um conjunto de especialistas que dizem que essa solução, a exemplo das outras soluções, acabaram, no final,
por ficar mais caras ao Estado.
Vozes do CDS-PP: — É verdade!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Por outro lado, os ajustamentos e os cortes que o Governo tem levado
a cabo foram feitos com base negocial, sem recurso aos tribunais e, portanto, respeitando os direitos das
empresas e o interesse do Estado.
Protestos do PS.
A vossa proposta é também, politicamente, se a expressão me é permitida, uma pantomina. E vou explicar-
lhe porquê: porque essa proposta vem de um partido cujo secretário-geral dizia, em março, que o TGV era
fundamental, que a maior das PPP era fundamental, para, em setembro, vir propor essa sobretaxa. Em que é
que ficamos? É para fazer mais ou é para cortar?
Essa é uma primeira incongruência. Mas ainda há mais: dizia um ex-Secretário de Estado dos Transportes
que as PPP vão custar zero cêntimos ao Orçamento do Estado. Pois bem, Sr. Deputado, sabe o que é que
dizem todos os relatórios? Neste momento, os prejuízos andam à volta de 5,7 milhões de euros durante toda a
vida das PPP.
Mas vou dizer-lhe mais: o que é que dizia a UTAO no orçamento de 2009? Que havia um «apagão
orçamental», que havia deficiência de informação. E sabem porquê? Porque as seis concessões só vão
aparecer no Orçamento do Estado em 2014. Ou seja, há uma «bomba relógio» que VV. Ex.as
deixaram, que
em 2014 e 2015 nos vai cair na gestão orçamental e que a vossa sobretaxa procura não resolver.
Refiro ainda que a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças previa, no seu relatório de 2011, 481 milhões de
euros de desvio e 517 milhões de euros em 2015.
Portanto, Srs. Deputados, percebo bem que o Partido Socialista quisesse vir dar um sinal de que tudo o
que fez para trás esteve errado… Aliás, se forem ler o relatório do Tribunal de Contas, a propósito da não
concessão de visto prévio nas seis concessões, verão que lá se fala em ilegalidades, em acordos
contingentes, em acordo-sombra. Fala em valores que ainda estamos para descobrir quanto é que vão ficar
em cartas que estão escondidas entre o Estado.
Portanto, Srs. Deputados, ficou curta essa vossa proposta. Era preferível terem dito que tudo o que fizeram
para trás…
Protestos do PS.
Eu percebo! Os Srs. Deputados quiseram, numa matéria séria, vir aqui fazer o pleno, terem sol na eira e
chuva no nabal. Do que eu não estava à espera era que o Partido Socialista quisesse pôr o nabal na eira!
Disso é que, de facto, não estava à espera.
Risos do CDS-PP.