I SÉRIE — NÚMERO 24
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Os apelos ao consenso por parte do Governo não passam de um gesto para a galeria ou de um simples
jogo partidário para iludir os portugueses.
Aplausos do PS.
O Primeiro-Ministro está no direito de recusar as propostas do PS, mas, ao fazê-lo, não revela qualquer
sentido de compromisso, nem de interesse nacional.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — Não é a primeira vez que tal acontece. O PS foi mantido à margem
da condução de processos de enorme relevância para o interesse nacional, de que as seis atualizações do
Memorando de Entendimento, o envio para as instituições europeias do Documento de Estratégia Orçamental
e o processo de privatizações são exemplos elucidativos.
A proposta da criação do banco de fomento é mais um exemplo, o exemplo mais recente. No dia 5 de
outubro propus que Portugal criasse um banco de fomento, que permitisse financiar as pequenas e médias
empresas e que servisse de instrumento de alavancagem dos fundos comunitários. Recebido com indiferença
por alguns e pelas críticas trauliteiras dos de sempre, foi depois dito pelo Primeiro-Ministro que a Caixa Geral
de Depósitos tinha sido incumbida de estudar o dossier.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Há meses!
O Sr. António José Seguro (PS): — Não sabemos quando o fez, mas o presidente da Caixa afirmou, de
seguida, que desconhecia o assunto.
Na passada semana tivemos aqui um debate sobre a postura de Portugal face às perspetiva financeiras e o
Primeiro-Ministro nada disse. Eis senão quando, ontem mesmo, foi publicada uma resolução do Conselho de
Ministros atribuindo a gestão da parte reembolsável dos fundos europeus a uma nova instituição financeira
pública. Isto sem que tivesse havido discussão pública, sem que o PS tivesse sido envolvido.
Para cortar 4000 milhões de euros nas funções sociais do Estado, o Governo implora pelo PS, mas para a
criação de um instrumento estruturante e indispensável para a reforma da economia o Governo já não precisa
do PS.
Aplausos do PS.
Neste ano e meio, o Primeiro-Ministro desbaratou o consenso político e social de que o País dispunha. O
Primeiro-Ministro está cada vez mais isolado. Há um vasto consenso nacional na sociedade portuguesa que
exige políticas de crescimento económico e uma voz firme na Europa em defesa dos interesses do País. Só o
Primeiro-Ministro está fora desse consenso nacional.
Hoje soubemos que, finalmente, a Europa resolveu a situação da Grécia, dando-lhe mais tempo e menos
juros. Ouviu, Sr. Primeiro-Ministro? Mais tempo e menos juros!
Aplausos do PS.
Congratulamo-nos com esta decisão, mas precisamos de continuar: o senhor a exigir para Portugal
igualdade de tratamento e nós todos a continuarmos a lutar pelas condições de estabilização da nossa
economia.
Como sempre disse, desde o início, sem crescimento económico não há lugar a consolidação sustentável
das nossas contas públicas.
Aplausos do PS.