28 DE NOVEMBRO DE 2012
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Sr.as
e Srs. Deputados: O Primeiro-Ministro vai ter o Orçamento que quer, mas Portugal não vai ter o
Orçamento de que precisa.
O País precisa de um Orçamento para sair da crise. O Primeiro-Ministro aprova um Orçamento que vai
aprofundar a crise.
Com o Orçamento deste Primeiro-Ministro, os portugueses vão fazer mais sacrifícios, mas o País vai
continuar a empobrecer, a dívida pública a aumentar, o desemprego a crescer e a economia a cair. Já foi
assim este ano e, com o Orçamento deste Primeiro-Ministro, vai ser muito pior no próximo ano. Vai ser pior
porque este Orçamento é mais do mesmo: é mais austeridade do custe o que custar!
O Primeiro-Ministro não tem desculpa. O Primeiro-Ministro conhece os resultados negativos da sua política
de austeridade e, mesmo assim, insiste em impô-la aos portugueses.
Com este Orçamento, os portugueses vão ser obrigados a fazer, ainda, mais sacrifícios, mas o Primeiro-
ministro vai falhar novamente os objetivos. E mais uma vez os sacrifícios dos portugueses serão em vão. Será
mais um ano perdido.
Demonstro a minha afirmação.
Ainda o Orçamento não foi aprovado e não há uma instituição credível ou um economista reputado que
confirme as previsões do Primeiro-Ministro quanto ao cenário macroeconómico. Estamos perante um
Orçamento impossível de cumprir.
Com este Orçamento, o Primeiro-Ministro promete uma queda de 1% na economia. O Banco de Portugal
aponta para uma queda de 1,6% e a OCDE, hoje mesmo, aponta para uma queda de 1,8% da nossa
economia.
Qual é a credibilidade do Orçamento deste Primeiro-Ministro com disparidades desta natureza? E qual é a
confiança que este Orçamento oferece aos portugueses?
Em 2003, na melhor das hipóteses, para além do brutal aumento de impostos já referido, o Primeiro-
Ministro ainda vai cortar mais 1000 milhões de euros, maioritariamente nos cuidados de saúde, na educação e
na segurança social dos portugueses.
Um corte deste montante, que o Primeiro-Ministro se prepara para fazer, agravará ainda mais a recessão
económica, afastará milhares de pessoas de acesso a serviços públicos essenciais e provocará mais
desemprego entre os portugueses, que, segundo a OCDE, hoje mesmo, deverá rondar no próximo ano os
17%, muito acima das previsões do Governo.
Sr.as
e Srs. Deputados: O País não se pode dar ao luxo de desperdiçar mais um ano, os portugueses
precisam de acreditar que os sacrifícios valem a pena e que têm um sentido.
Não conheço nenhum português que não queira dar o seu contributo para salvar Portugal da grave crise
em que se encontra. Mas os portugueses precisam de acreditar na estratégia para sairmos da crise. A
estratégia do custe o que custar falhou, os portugueses não acreditam na estratégia do Governo.
Já não é só o PS que o diz. Há um forte consenso na sociedade portuguesa que exige uma estratégia que
concilie o crescimento económico com o rigor orçamental.
Só o Primeiro-Ministro permanece isolado e não compreende a necessidade desta mudança. Portugal
precisa de um rumo, mas, infelizmente, só tem um Memorando; Portugal precisa de uma voz firme na Europa,
mas, infelizmente, apenas tem um Primeiro-Ministro resignado; Portugal precisa de uma estratégia sustentável
de crescimento, mas, para tal, precisamos de criar um ambiente amigo do crescimento da nossa economia,
obtendo mais tempo para a consolidação das nossas contas públicas e de reduzir o serviço da dívida.
Ao mesmo tempo, precisamos de apostar em três prioridades fundamentais: atração de investimento
estrangeiro, aumento das exportações e substituição de importações por aumento da produção nacional de
bens e serviços transacionáveis.
Portugal precisa de uma nova ambição que inspire e mobilize os portugueses. É esta a natureza da nossa
alternativa responsável.
Sr.as
e Srs. Deputados, a votação de um Orçamento do Estado é, em qualquer circunstância, um dos
momentos mais relevantes da vida de um país. A circunstância extremamente difícil em que o nosso País se
encontra torna a votação deste Orçamento no momento mais importante desta Legislatura.
O País vive uma situação de enorme gravidade. Uma situação de pré-ruptura social, a situação mais grave
em termos sociais e económicos desde a consolidação do nosso regime democrático.