I SÉRIE — NÚMERO 27
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representativas dos nossos municípios e das nossas freguesias, uma reflexão sobre a organização
administrativa de Portugal, visando um melhor serviço ao cidadão.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Um processo que se desenvolveu sem obstinações, nem condicionalismos, apenas com o intuito de alcançar um modo de organização administrativa mais eficiente, com e para as
pessoas, e sempre com as populações.
Aplausos do PS.
Encontrando-se em curso tal debate, o Memorando de Entendimento, na sua versão original, previu o
compromisso de reorganizar a estrutura da administração local, com a seguinte menção: «Existem atualmente
308 municípios e 4259 freguesias. Até Julho de 2012, o Governo desenvolverá um plano de consolidação para
reorganizar e reduzir significativamente o número destas entidades. Estas alterações, que deverão entrar em
vigor no próximo ciclo eleitoral local, reforçarão a prestação do serviço público, aumentarão a eficiência e
reduzirão custos».
Tudo ao contrário daquilo que está nesta lei que a maioria quer aprovar.
Aplausos do PS.
Protestos do CDS-PP.
Srs. Deputados, entendo bem o vosso mal-estar, mas oiçam, oiçam a história!
É que, com um novo Governo, a história mudou o seu rumo, porque, de imediato, abandonaram o diálogo
com os autarcas e suas associações representativas. Um Governo que ficou mais empenhado em se fazer
passar por reformista do que em reformar o que quer que seja.
Foi assim que vimos surgir um Documento Verde, apresentado, com pompa e circunstância, nos Jardins de
São Bento, tendo a presença do Primeiro-Ministro. Documento com eixos da reforma administrativa, assente
em critérios numéricos inexequíveis, como logo, aliás, o Partido Socialista afirmou e o que só seis meses mais
tarde o Governo veio a reconhecer — seis meses, seis meses perdidos!
Mas mais grave, com a imposição de novos critérios, de novo sem ninguém ouvir, e, como logo afirmámos,
também eles não razoáveis para o interesse das populações.
Um Documento Verde que tinha como alfa e ómega a extinção de freguesias, remetendo para último plano
aquilo que, mais tarde, se viria a constatar ser o ponto da discórdia entre os parceiros da coligação: a lei
eleitoral autárquica, adiada sine die. Ou seja, apresentou-se em nome do Governo e com a presença do
próprio Primeiro-Ministro, um documento que veio a verificar-se não ter sido discutido, nem aprovado, no seio
do Governo. Forma sui generis de relação entre os partidos desta coligação!…
Enquanto isso, o município de Lisboa fazia a sua própria reorganização administrativa e, partindo do
reconhecimento dos desequilíbrios existentes, foi capaz de encontrar soluções de racionalidade e
operacionalidade, apresentando uma proposta de redefinição do mapa autárquico com o apoio da sociedade
civil, do meio académico e das principais forças políticas.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Ficou a meio caminho!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Com a proposta de lei n.º 44/XII, surgida meses mais tarde, o Governo traduziu o que pretendia. O número de freguesias a reduzir é também obtido através de «régua e esquadro»,
impondo a todos os municípios uma redução sem ter em conta o número e as características das freguesias
existentes.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Mas qual é o modelo do PS?