I SÉRIE — NÚMERO 30
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Por outro lado, o Governo procedeu a ajustamentos no programa de apoio ao investimento agrícola — o
PRODER —, que fora mal concebido e que era desadequado ao tecido empresarial português, aumentando a
comparticipação comunitária dos projetos e efetuando ajustamentos entre as diferentes medidas do programa,
no sentido de dotar financeiramente medidas com muitas candidaturas através de outras com um número
reduzido.
A dinâmica conseguida na aprovação de projetos PRODER irá permitir que, no final deste ano, a taxa de
execução seja de 60%, eliminando o risco de se perderem estes fundos comunitários. Recorde-se ainda que
este Governo sempre garantiu, ao nível dos Orçamentos do Estado, verba nacional suficiente para garantir a
execução total do PRODER.
Em terceiro lugar, o estancar das dívidas acumuladas, procedendo à sua liquidação e encontrado
instrumentos inovadores para financiar ações e medidas determinantes para o setor.
Na verdade, o volume de dívidas do Ministério da Agricultura, em junho de 2011, assumia um passivo
muito elevado que inviabilizava novas medidas e bloqueava as ações do Executivo. Assim, o Governo teve o
mérito de proceder, com muito esforço, ao pagamento faseado dessas dívidas a seguradoras, a instituições de
crédito e a organizações de produtores, ao mesmo tempo que procurou soluções para financiar medidas de
apoio à produção agrícola.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Assim, está em curso uma alteração ao sistema de seguros agrícolas
e desenhou-se um novo instrumento — a taxa de segurança alimentar — para assegurar o financiamento do
controlo alimentar, distribuindo-o por toda a cadeia alimentar. Muito foi feito, mas ainda há um longo caminho a
percorrer.
Em quarto lugar, disponibilizou um conjunto de apoios aos produtores afetados pela seca de 2012.
Verificou-se uma resposta pronta e eficaz por parte do Governo quer na disponibilização de apoios
financeiros aos produtores pecuários, quer na suspensão de regras de produção nacionais e comunitárias,
quer ainda na alteração de prazos de obrigações financeiras com vista a facilitar a tesouraria das empresas.
Em quinto lugar, enfrentou a problemática das relações comerciais entre produtores e distribuidores.
Através da famosa PARCA (Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar), o
Governo encontrou as primeiras medidas legislativas que visam melhorar a relação comercial entre produtores
e distribuidores, diminuindo o desequilíbrio característico desta relação. Neste sentido, encurtaram-se os
prazos de pagamento a pequenos produtores e aumentou-se o valor das coimas, com vista a dissuadir a
venda, por parte da distribuição, abaixo do valor de mercado.
Em sexto lugar, o reforço de decisões favoráveis de Bruxelas para a agricultura.
Este Governo já disse, por diversas vezes, que não negoceia com o megafone na mão, trocou o sound bite
pelo trabalho discreto mas eficiente, o que permitiu obter bons resultados, como, por exemplo, o apoio
específico ao setor do leite, uma moratória para pagar as coimas passadas após 2014, o aumento do
financiamento comunitário ao PRODER e a suspensão de normas e cumprimentos comunitários perante a
problemática da seca. E, principalmente, este Governo encara o desafio das negociações da PAC pós-2014
com enorme empenho, tendo um rumo definido para o que se pretende na política agrícola nacional. Aliás, o
Primeiro-Ministro tem defendido com enorme vigor as verbas da coesão e dos fundos agrícolas para o nosso
País.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ao longo dos últimos 18 meses, o Governo demonstrou ter uma
nova visão política para a agricultura, definiu prioridades e direcionou políticas públicas para o enorme desafio
que temos pela frente: valorizar o território nacional estimulando os setores produtivos estratégicos,
fomentando modelos de agricultura sustentáveis e contribuindo para o crescimento e a prosperidade do nosso
País.
Não foi por acaso que Portugal foi o quinto país da União Europeia com maior rentabilidade no setor
agrícola em 2012. Mas este caminho, esta transformação é difícil, pois temos que passar de uma agricultura
de subsistência e de consumo interno para uma agricultura que produza bens transacionáveis a nível
internacional.