15 DE DEZEMBRO DE 2012
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A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — … pois o caminho da vitimização e da desresponsabilização não lhes
permitiu, impediu-os de tomar parte num processo de decisão que se pretendia de todos.
Indo um pouco atrás, e retomando a discussão da reforma liderada por este Governo na sequência dos
compromissos assumidos pelo Estado português,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E a Constituição?
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — … convém relembrar que, no Memorando de Entendimento assinado
pelo Governo de José Sócrates, o Partido Socialista colocou nesse documento a redução das autarquias.
Foi o Partido Socialista que iniciou esta reforma,…
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Não foi esta reforma, foi outra!
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — … mas foi esta maioria que a melhorou quando retirou do Memorando
aquilo que o Partido Socialista queria e criou a figura da agregação, permitindo, assim, um processo de
escolha decisiva das assembleias municipais.
Esta reforma, sem abdicar da competência absoluta do Parlamento, reconheceu o papel fundamental dos
órgãos autárquicos e garantiu que todos os municípios e freguesias fossem ouvidos e pudessem liderar os
mecanismos de flexibilidade na reorganização administrativa do território.
Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados, nunca se analisou tanto a necessidade de reforma do poder local.
Nunca foi tão transversal o papel das freguesias no desenvolvimento local e no serviço público de
proximidade.
Nunca foi tão transversal a necessidade de uma criteriosa redefinição das prioridades ao nível local que
elimine redundâncias e dependências, a necessidade de alocação mais eficiente dos recursos atualmente
existentes, a necessidade de adequar a presença do Estado com os fluxos populacionais e a ocupação do
solo.
Nunca foi tão transversal a necessidade de alterar as atuais freguesias, muito desiguais, fracionadas e
extremamente débeis, na sua maioria com baixos níveis de capacidade e de autonomia, recursos muito
variáveis e considerável dependência de terceiros.
Pelo menos nos últimos 10 anos, estudos, diagnósticos, trabalhos preparatórios, conferências e entrevistas
consumiram milhares de euros e de primeiras páginas de jornais. De decisão política, o resultado foi nulo.
Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: O Memorando de Entendimento é claro quando prevê,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E a Constituição?
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — … como medida para aumentar a eficiência e a eficácia da
Administração Pública, a reorganização da estrutura da administração local, como é clara a atuação deste
Governo, que, concorde-se ou discorde-se, se define pela concretização.
Já o Partido Socialista, que era a favor da reforma, já não é, ou é desde que não se reforme…
Em relação aos partidos que apresentam os projetos de lei — e falo do PCP, do Bloco de Esquerda e de
Os Verdes —, eles pretendem fazer aquilo que tão abertamente acusam: rever a Constituição por lei ordinária.
Invocam a inconstitucionalidade destas medidas, mas são os primeiros a, conforme a conveniência da
circunstância, parecer pretender condicionar as iniciativas legislativas em matéria de criação, fusão, extinção
ou modificação das autarquias locais que a Constituição configurou como sendo reserva absoluta de
competência legislativa da Assembleia da República, e assim, por lei ordinária rever a Constituição.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — A estes, lembramos que o poder local não pode transformar-se numa
estrutura corporativa.