I SÉRIE — NÚMERO 31
34
A Sr.ª Eurídice Pereira (PS): — Para que não restem dúvidas, o artigo 1.º faz questão de clarificar,
assinalando que «A presente lei consagra a obrigatoriedade da reorganização administrativa do território das
freguesias (…)».
Aplausos do PS.
Uma lei que necessita referir, preto no branco, a sua obrigatoriedade, ou seja, lembrar que tem de ser
cumprida, é uma lei que reconhece as suas tremendas fragilidades e vulnerabilidades quanto à sua aceitação
junto dos cidadãos.
Diz a maioria que esta foi a lei que gozou da maior participação e envolvimento democrático desta
Legislatura. Exatamente! Não há engano! É isso que é dito! Não o fazem por menos! Não houve, dizem, quem
não tenha sido ouvido.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não serve para nada!
A Sr.ª Eurídice Pereira (PS): — Admitindo que assim é, admitindo que é verdade, a verdade das verdades,
o facto é que quem foi ouvido em momento algum foi escutado.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É uma formalidade!
A Sr.ª Eurídice Pereira (PS): — Se o fosse, não estávamos hoje a discutir, mais uma vez, as entorses
deste tão delicado assunto.
Aplausos do PS.
Chegados aqui, a pergunta que se impõe é a que se mantém desde o início: porquê e para quê?
Não colhe o argumento do cumprimento do ponto 3.44, atualmente ponto 3.33, do Memorando de
Entendimento.
Vozes do PSD: — Ah, pois não!…
A Sr.ª Eurídice Pereira (PS): — Não colhe!
Senão, vejamos.
O objetivo estratégico traçado no Memorando prende-se com a reorganização da estrutura da
administração local. Está este objetivo a ser conseguido? Não, não está!
Os objetivos específicos estão também claramente traçados, e são três: reforçar a prestação do serviço
público; aumentar a eficiência; reduzir custos.
A redução do número de autarquias tem que ser vista no conjunto de possibilidades que, aplicadas,
possam contribuir para a reorganização apontada e que, inevitavelmente, tem de responder a uma questão
mais vasta: a da coerência e eficiência da gestão do território, da região à freguesia, aliás, região de que a
maioria foge a sete pés.
Aplausos do PS.
Protestos do CDS-PP.
E mais: não pode resultar de um processo impositivo mas, antes, de um percurso de reflexão e
consensualização, onde a consciência de que as realidades em presença são consideravelmente distintas e,
por isso, exigentes de abordagens diferenciadas.
Afinal, porque é que é mau ou é demais Portugal ter 4259 freguesias, e já é bom ter mais de 3000?
Porquê? Que lógica quantitativa é esta?