15 DE DEZEMBRO DE 2012
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Para terminar, Sr. Presidente, quero dizer que este debate deve desfazer algumas dúvidas e equívocos.
Este Parlamento e os portugueses têm de saber, de uma vez por todas, qual a visão do Partido Socialista para
o poder local, se é a visão de um dos vossos ideólogos, o Deputado Pedro Silva Pereira, que acertou com a
troica reduzir o número de municípios para metade e diminuir o número de freguesias em dois terços…
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos do PS.
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — … ou se, por outro lado, é a opinião do líder do Partido Socialista, o
Sr. Deputado António José Seguro, que ao Jornal do Fundão disse ser contra a fusão de concelhos, mas que,
relativamente às freguesias, onde existiam quatro podia ficar uma.
Protestos do PS.
Ora, gostava de perceber qual a visão do Partido Socialista nesta matéria.
Aplausos do PSD.
Pois é, Srs. Deputados, a posição imobilista e de calculismo político do Partido Socialista relativamente a
tudo o que mexe não é compatível com a ousadia e a coragem necessárias para os momentos de verdade,
como este.
Nestas circunstâncias, direi apenas: Srs. Deputados do PS, não é isto que os portugueses esperam de vós.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Eurídice
Pereira, do PS.
A Sr.ª Eurídice Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Endereço também, em nome do
Grupo Parlamentar do Partido Socialista, a todos os peticionários, autarcas e respetivos fregueses, as nossas
saudações e uma palavra de reconhecimento pela forma dinâmica como abordam e encaram a vida coletiva.
A lei que os milhares de peticionários contestam, a par da rejeição reiteradamente manifestada por
autarcas, associações, cidadãos e cidadãs, tem sido um poço infindável de descontentamento e de
sobressalto.
A maioria escolheu minar o caminho que ia percorrer, afirmando-se, de modo autoritário e centralista, o que
é, convenhamos, uma escolha, no mínimo, desajeitada. Escolher encetar um processo onde a chamada dos
interessados se faz pela via da imposição, independentemente da razoabilidade das propostas alternativas,
foi, claramente e de facto, declarar, abertamente, a indisponibilidade para soluções alternativas. E o resultado,
aqui chegados, está à vista e não pode orgulhar nem este Governo nem esta maioria.
Aplausos do PS.
Foi iniciado um processo de reorganização administrativa do território exclusivamente para as freguesias,
diga-se, em abono da verdade, de costas completamente voltadas para os principais atores: os autarcas de
freguesia e os respetivos fregueses.
Que se podia esperar que não fosse esta contestação generalizada?
Desde início que tudo foi traçado de modo impositivo e não foi por acaso nem resultado de um mero lapso.
Foi, e mantém-se, uma opção da maioria PSD/CDS-PP.
Aliás, a proposta inicial, agora lei, manifesta, sem reservas, de forma desabrida, essa vontade.
Vozes do PS: — Muito bem!