I SÉRIE — NÚMERO 34
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Havendo essas condições, aqui chegados, o Governo, ontem, estava perante uma de duas hipóteses: ou
assumia o risco do negócio, porque qualquer negócio tem um risco, ou teria prudência nesse negócio, atento o
caráter absolutamente estratégico da empresa. Ora, foi exatamente isso que o Governo fez, Sr. Primeiro-
Ministro.
Ouvimos a oposição dizer que foi uma luta, que foi uma derrota. Mas de quem? Só se foi dessa oposição,
que durante meses e meses andou a dizer que isto tudo estava feito, andou a lançar suspeições que nunca
concretizou e que agora, perante a situação, fica sem discurso. Talvez isto explique a falta de atenção dessa
oposição a este tema, aspeto que hoje eu gostaria de sublinhar.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, e para terminar esta matéria, as perguntas que lhe deixo em relação à TAP
são as seguintes: com esta suspensão e com esta necessidade de reposicionamento no mercado, está o
Governo disponível para, face às circunstâncias muito difíceis em que se encontra a TAP do ponto de vista
económico-financeiro, fazer face a esses constrangimentos em diálogo social com os trabalhadores? E qual é
o impacto (caso haja impacto) que esta decisão poderá ter, ou não, na privatização da ANA?
Por fim, Sr. Primeiro-Ministro, por falar em interesse nacional, queria referir-me à reestruturação das forças
e serviços de segurança, assunto sobre o qual ouvimos esta semana o anúncio de um estudo.
Sr. Primeiro-Ministro, a nosso ver, também na área das forças e serviços de segurança é necessário
reformar, é necessário pugnar para que haja mais cooperação, mais operacionais nas ruas e menos
administrativos, maior combate ao crime e menos notificações de penhoras ou de outros serviços que não são
manifestamente policiais mas que hoje são desempenhados por polícias. É por isso precisa a realização de
reformas cirúrgicas de caráter prático, focadas, nomeadamente neste momento, reformas que possam virar as
polícias do avesso. Assim, gostaria que, neste momento, na Assembleia da República, o Sr. Primeiro-Ministro
pudesse fazer uma clarificação.
Um estudo não passa disso mesmo, de um estudo, e estou certo, Sr. Primeiro-Ministro, de que este
Governo tem a sensibilidade para garantir estabilidade, confiança e operacionalidade a todas as forças e
serviços de segurança, na sua diversidade, na sua multiplicidade, garantindo essa maior coordenação.
São estes os esclarecimentos que gostava de obter, Sr. Primeiro-Ministro, agradecendo desde já as
respostas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, começo por responder à sua
segunda questão.
Creio que o Sr. Deputado, quando mencionou um estudo para a reforma das forças de segurança, devia
estar a aludir a referências que a comunicação social trouxe durante esta semana e que reportam a um
trabalho desenvolvido por uma comissão de personalidades de reconhecido mérito, a quem o Governo pediu
um contributo para a revisão do Conceito Estratégico de Defesa Nacional, porque não há nenhum estudo para
a reforma das forças de segurança. Pelo contrário, a reforma das forças de segurança tem vindo a ser feita de
uma forma cirúrgica, como o Sr. Deputado muito bem mencionou, de resto num clima de bastante diálogo não
apenas com as associações e os sindicatos mas também com a Direção Nacional da Polícia de Segurança
Pública e com a GNR.
Portanto, Sr. Deputado, aproveito para esclarecer — se é que os Ministros da Administração Interna e da
Defesa Nacional o não fizeram já, porque admito que o possam já ter feito — que não está a decorrer, por
conta do Governo, qualquer estudo sobre a reforma das forças de segurança.
O contributo entregue ao Governo, e que é público, por parte de uma comissão que se dedicou a refletir
sobre as grandes opções para a revisão do Conceito Estratégico de Defesa Nacional não tem qualquer
implicação operativa para a reforma das forças de segurança. É um contributo que reconhecemos e
agradecemos e é um contributo de grande qualidade. Aliás, estive presente quer na cerimónia de
apresentação quer, depois, na cerimónia em que esse contributo foi entregue ao Governo.