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I SÉRIE — NÚMERO 34

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Mas, na realidade, é público — e o próprio Sr. Ministro Miguel Relvas não o desmentiu — que tenha

recebido esse empresário quando ele chegou a Portugal. É essa a minha pergunta: quero saber — e o Sr.

Primeiro-Ministro não responde, mais uma vez — qual é o papel do Sr. Ministro Miguel Relvas no programa de

privatizações. É tão simples quanto isto: tem algum papel ou não tem? E, se tem, qual é?

Em nome da transparência, os portugueses querem saber! Mas o Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, não

responde. Tudo bem.

Falemos, então, de outras trapalhadas e do falhanço da derrota monumental que é, para o seu Governo,

não ter conseguido concluir, com êxito, o processo de privatização da TAP.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Sobre isso, era preciso tirar algumas ilações, tirar algumas lições.

O processo falhou, não porque o empresário fosse fraco, não porque o empresário não fosse pessoa de

bem, não porque o preço fosse de saldo; falhou porque é uma privatização errada, porque o País e os

portugueses não querem perder a TAP, tal como não querem perder a eletricidade, a escola pública, os

hospitais, a água, os aeroportos! Essa é a questão fundamental que levou à derrota deste processo de

privatização.

E é lamentável que o Governo no preciso dia em que sofre essa derrota, venha anunciar que vai insistir na

privatização da TAP. Isso é a ruína do País e é por isso que a dívida não para de aumentar!

Eram estas questões que devíamos estar hoje aqui a discutir, e não a desconversar, como o Sr. Primeiro-

Ministro ultimamente tem vindo a fazer em relação às perguntas desta bancada.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de

Os Verdes.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, tenho ideia de que o tema

deste debate — pelo menos, pelo que foi anunciado — versa assuntos económicos, sociais e políticos, pelo

que Os Verdes consideram absolutamente inacreditável que o Sr. Primeiro-Ministro tenha feito uma

intervenção inicial sem se ter referido a duas realidades concretas, absolutamente devastadoras, no País: uma

tem a ver com o desemprego, a outra com a recessão.

Vamos entrar no terceiro ano de recessão consecutivo no nosso País, o desemprego galopa para níveis

absolutamente assustadores e, no decurso do debate, o Sr. Primeiro-Ministro ainda tem a suprema «lata» de

chegar à Assembleia da República…

Protestos do PSD.

… e entender, com toda a naturalidade, que estes níveis de desemprego são coisas naturais.

Quero dizer, com toda a clareza, ao Sr. Primeiro-Ministro que este Governo não tem ética social,

absolutamente nenhuma, porque o desemprego significa que há famílias que estão a desestruturar-se

completamente, na sua lógica social. E um Primeiro-Ministro que não tem consciência desta realidade e que

entende o desemprego como uma coisa natural da sua política é um Primeiro-Ministro que está

completamente out, fora da realidade.

Também lhe quero dizer que o que o Sr. Primeiro-Ministro disse relativamente às reformas é

absolutamente devastador, É, mais ou menos, como se passasse algo deste género: o Sr. Primeiro-Ministro

vai comprar um produto ou um serviço e dizem-lhe assim: «Vendo-lhe por 500». O Sr. Primeiro-Ministro sai

com o produto ou a prestação do serviço e diz: «Não, não pago 500, vou pagar só 300». É isto que o Sr.

Primeiro-Ministro está a fazer, está a sacar! É um saque absoluto aos reformados dos País.