22 DE DEZEMBRO DE 2012
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Disse o Sr. Deputado que o desemprego tem funcionado como uma variável de ajustamento — nós
sabemos que é assim. Justamente, isso não implica nenhum juízo de mérito. Sabemos que o desemprego é
uma variável de ajustamento, com certeza que sim!
Quando as economias estão num ponto de insustentabilidade, evidentemente que as empresas têm
falências, evidentemente que o nível dos negócios baixa, evidentemente que há mais desemprego,
evidentemente que o desemprego funciona como uma das consequências da própria crise e como uma
variável de ajustamento da própria recuperação.
Sr. Deputado, há duas formas de encararmos os processos de ajustamento. Uma delas, é deixarmos que
eles ocorram por essa via mecânica e natural, e então o desemprego torna-se a única variável de ajustamento
associada à quebra do rendimento.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
Não há outra forma, em termos naturais, de proceder ao ajustamento.
Nós estamos a fazer o ajustamento de uma forma diferente: estamos a fazer também uma reforma
estrutural, justamente de modo a que esta situação não se perpetue, de modo a que a recessão se transforme
em depressão, até que, evidentemente, a quebra de rendimento tenha sido tão forte que só seja possível
crescer.
Sr. Deputado, temos, portanto, uma visão diferente.
No entanto, deixe-me dizer-lhe que quando o Sr. Deputado, para finalizar a sua primeira pergunta,
antecipou que os portugueses podem, nas eleições — a expressão que usou foi «que se lixe o PSD» —,
responder…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Usei a sua expressão!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Com certeza, Sr. Deputado. Não estou a dizer o contrário.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não o ofendi!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Eu não disse que ofendeu. Não ofendeu nada! Estava só a querer ser preciso
na citação.
Quando o Sr. Deputado antecipou, portanto, que os portugueses talvez penalizem eleitoralmente o PSD
pelo trabalho que ele está a fazer no Governo,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E o CDS também! Não se esqueça do parceiro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … bem como o CDS. Com certeza, porque ambos os partidos apoiam este
Governo. Mas, como sabe, Sr. Deputado, não falo em nome do CDS.
Vozes do PCP: — Tem-se visto!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Na citação que o Sr. Deputado fez sobre a minha intervenção, eu falava como
líder do PSD, não falava como Primeiro-Ministro. Quando eu disse «que se lixem as eleições», falei como
Presidente do PSD e eu, como Presidente do PSD, não falo em nome do CDS — compreenderá isso.
Portanto, é natural que responda pelo lado do PSD.
Sr. Deputado, justamente quando fiz essa afirmação — e tenho a certeza que no CDS não se pensa de
outra maneira —, o que pretendi sempre dizer, e os portugueses perceberam, foi que estava mais preocupado
com o futuro do País do que com o resultado das eleições.
Vozes do PSD: — Muito bem!