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I SÉRIE — NÚMERO 34

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O Sr. Primeiro-Ministro: — É uma falsidade, Sr. Deputado! Os rendimentos mais elevados foram

onerados numa proporção maior do que os rendimentos mais baixos.

O Sr. João Semedo (BE): — Não é verdade!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Quanto à questão que o Sr. Deputado colocou sobre os pensionistas, limitei-

me a fazer uma constatação.

Há hoje cerca de 87% dos pensionistas que não foram afetados por nenhuma medida de austeridade.

Porquê, Sr. Deputado? Porque recebem pensões inferiores a 600 €.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Veja lá a sorte!…

O Sr. Primeiro-Ministro: — Significa isto, Sr. Deputado, uma boa medida para combater o nível de

pobreza do País. Mas é importante reconhecer que o Governo, justamente por ter consciência dessa situação,

conseguiu manter pelo segundo ano consecutivo o descongelamento das pensões sociais, que, essas, sim,

até subiram e foram atualizadas ligeiramente acima da inflação e, portanto, ganharam poder de compra, o que

desmente a observação do Sr. Deputado.

A nossa preocupação esteve justamente, entre os pensionistas, com aqueles do regime não contributivo

que tinham pensões mais baixas, mais degradadas, e essas foram atualizadas acima da inflação. As outras

mantêm-se congeladas.

Sr. Deputado João Semedo, a constatação é esta: dos restantes 13%, a grande maioria concentra-se na

Caixa Geral de Aposentações, em pensões que se situam acima de 1500 €. Não estamos a falar de muitas

pensões, mas estamos a falar de pensões que, ao longo dos anos, nos termos da lei… — ninguém está a

receber indevidamente pensões, Sr. Deputado,…

Vozes do BE: — Ah!…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É que até parecia!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … as pessoas estão a receber aquilo que a lei determinou. Mas a lei, ao longo

dos anos, estipulou regimes diferentes, razão pela qual o Partido Socialista, quando esteve no Governo, em

2007, na reforma que fez da segurança social, introduziu um teto para todas as pensões até 2007, limitando a

12 IAS (indexante dos apoios sociais). Porquê? Porque há a consciência na sociedade portuguesa de que os

descontos que foram feitos ao longo da carreira contributiva não estão na proporção das pensões que são

pagas — e isso é objetivo, Sr. Deputado.

Hoje em dia, toda a carreira contributiva e todos os rendimentos são chamados para a formação da

pensão. Mas não foi assim no passado, o que quer dizer que houve muitas pessoas — e muitos pensionistas,

hoje — que fizeram descontos que, num regime de capitalização, não estão de acordo com o que recebem, de

volta, nas pensões. E isso foi possível por uma razão: porque são os ativos de hoje que pagam essas

pensões. Elas não estão numa base de capitalização e isso, um dia, nós teremos de corrigir.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.

O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me que lhe diga que não pode

andar por aí a atirar a opinião pública contra os pensionistas, porque foi isso que o senhor fez nas suas últimas

intervenções!

Aplausos do BE.