31 DE JANEIRO DE 2013
41
pessoas, ao lado do FMI, sem respeitar os direitos? Afinal, parece que, para este Governo, os direitos são um
luxo e que só cortando nos direitos é que cortará, afinal, naqueles que vivem acima das suas possibilidades.
Ora, já sabemos o que isso quer dizer. Cortou nas pensões de 274 €, de 303 €, de 379 €, porque as
manteve, deixando que a inflação levasse parte das mesmas; condenou pessoas que vivem abaixo do limiar
da pobreza a ficarem ainda reféns do ataque da pobreza no nosso País. Houve um ataque aos
desempregados.
Sobre esta política de terror, que vem em dose reforçada no relatório do FMI, o Governo nada diz; sai
calado e não assume as suas responsabilidades.
Afinal, que vantagem tem o FMI sobre o Governo, não merecendo o País e as pessoas este respeito? Não
quero acreditar — por parte do Bloco de Esquerda existe a exigência da responsabilidade — que o Governo,
perante esta oportunidade nobre para responder sobre aquilo que falou com o FMI, sobre o que vai discutir
com a troica daqui a semanas, sobre o que encomendou, viu e reviu ao FMI, não tenha uma palavra.
O Governo ainda tem uma última e derradeira oportunidade para o fazer. Haja responsabilidade, haja
seriedade, haja transparência, haja política de olhos nos olhos, porque é essa política que os portugueses
exigem.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, em nome do Governo, tem a palavra o Sr.
Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares (Miguel Relvas): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs.
Deputados: Portugal regressou aos mercados numa operação que foi um sucesso inequívoco.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já cá faltava!…
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Apesar das dificuldades, o défice ficou dentro
dos limites previstos e desejáveis. Trata-se de uma clara vitória do País e dos portugueses.
Contudo, para o Governo, o regresso aos mercados e o cumprimento das metas do défice não são fins em
si mesmos,…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — … são passos cruciais para atingir as
verdadeiras metas: garantir a melhoria das condições de vida no nosso País e restaurar a plena autonomia de
Portugal.
O Sr. João Semedo (BE): — Está cada vez mais longe!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Estamos conscientes de que, não obstante os
sucessos recentes, há ainda um difícil caminho pela frente. São vários os domínios onde temos de fazer mais
e melhor.
Não podemos estar satisfeitos com o atual nível de desemprego. Estes números escondem vidas. Vidas
marcadas por provações, mas também por uma luta estoica. Não nos esquecemos dos portugueses e é a
pensar neles que trabalhamos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Os portugueses também não se esquecem dos senhores!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — No entanto, os problemas estruturais não se
resolvem com soluções de circunstância. A consolidação das contas públicas e o regresso aos mercados
estabelecem as bases para um crescimento sustentável. Só assim poderemos resolver o grave problema do
desemprego de uma forma estrutural.