8 DE FEVEREIRO DE 2013
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — Estes três partidos são responsáveis pela cobrança de taxas aos residentes e
aos visitantes das áreas protegidas, limitando o desenvolvimento económico e o progresso social nessas
áreas.
Com o nosso projeto de lei, denunciamos esta política de direita no setor do ambiente e propomos uma
alternativa: uma política que afirme o insubstituível papel do Estado na definição e concretização da política
ambiental, uma política que promova uma gestão democraticamente participada dos recursos naturais e uma
política que harmonize a gestão dos recursos naturais com o desenvolvimento económico e social, colocando
a riqueza natural ao serviço das necessidades do País e das populações.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes apresentam
um projeto de lei com vista a estabelecer o princípio da não cobrança de taxas pelo acesso e visitas a áreas
protegidas, contrariando, portanto, o regime que está em vigor e que revela justamente aquela que tem sido a
opção dos anteriores Governos, incluindo o do PS, e que tem a ver com a lógica de como fazer dinheiro, de
como fazer negócio com isto, e até, quem sabe, tendo em vista a privatização das próprias áreas protegidas.
Portanto, é todo um caminho que se vai trilhando, sempre pondo os cidadãos a pagar impostos e,
paralelamente, taxas, tarifas e preços, obrigando-os a fazer todos estes gastos e a pagar tudo.
O que acontece é que, face ao regime que está instituído, Os Verdes têm recebido diversas queixas, como
é, de resto, do conhecimento público. Há cidadãos que pretendem usufruir das áreas protegidas
legitimamente, ou seja, sem objetivo de degradação e de acordo com o que é permitido, mas que têm de
pagar uma taxa de acesso para a prática da sua atividade. Ora, isto leva a que os cidadãos tenham até o
desejo de que as áreas não sejam protegidas, porque passam a ter deveres de pagamento que começam a
ser insustentáveis e que levam ao estabelecimento de uma desigualdade: os cidadãos que têm capacidade de
pagar, podem usufruir; os que não têm essa capacidade, não podem usufruir e vão fazer o que têm a fazer
para fora da área protegida. Isto não tem qualquer lógica!
Tal como não tem lógica a consecutiva desresponsabilização do Estado no que concerne à conservação da
natureza. Sr.as
e Srs. Deputados, o Instituto da Conservação da Natureza e — agora, também — das Florestas
tem vindo a sofrer sempre uma redução orçamental perfeitamente vergonhosa e que o leva a ter uma
incapacidade de atuação que não é compreensível.
Ora, o Estado não terá aqui qualquer tipo de obrigação, designadamente no que respeita à vigilância da
natureza e à fiscalização destas áreas protegidas? Elas são protegidas por algum motivo, pois encerram de
facto, em si, valores naturais extraordinariamente relevantes, mas o Estado tem descurado completamente
esta vigilância e esta fiscalização, o que se repercute também na sua monitorização e na sua valorização.
Portanto, os sucessivos governos têm demonstrado uma profunda — poderia dizer incompetência, mas
nem é isso — leviandade, um profundo descuido em tudo o que se prende com os valores naturais e com a
capacidade de os valorizar e preservar.
Não ponham, portanto, os cidadãos a pagar aquilo que depois, na verdade, é o Estado que estraga.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há duas questões fundamentais neste
debate.
A primeira prende-se com o interesse coletivo na conservação da natureza e da biodiversidade que não
pode ser regido pelo critério do lucro e isso implica que é função do Estado e não pode ser retirado do domínio
público.