8 DE FEVEREIRO DE 2013
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Mais, estão já as autoridades competentes a redefinir objetivos de gestão de resíduos em linha com as
políticas europeias e, de resto, a fundamentar uma eventual desclassificação do estatuto de alguns resíduos, a
qual carece, mais do que de fundamentação política, de fundamentação técnica e científica.
Moderação, Sr.as
e Srs. Deputados, menos navegação ao sabor dos ditames do momento — é o que os
portugueses nos pedem.
Encomendas ao Governo, num domínio tão estratégico e em permanente ebulição, como o é o dos
resíduos, não me parece razoável, permito-me afirmá-lo aqui.
Tivemos já oportunidade de questionar o Governo e os partidos da maioria, sobre o quadro nebuloso de
indefinição que enquadra a estratégia a adotar para a gestão dos resíduos — de resto, ainda muito
recentemente, de forma inopinada e despropositada, surgiu a recomendação do Pay-As-You-Throw.
Por tudo isto, no momento em que se anuncia o novo documento estratégico para os resíduos sólidos
urbanos e em que paira uma imensa cortina sobre a própria Empresa Geral de Fomento, revela-se
fundamental algo de muito simples: parar para pensar!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr.ª Deputada
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Concluo já, Sr.ª Presidente.
Nesse sentido — e como vem recordando, em bem, o Partido Ecologista «Os Verdes» —, menos
embalagens e menos resíduos de embalagens correspondem a menores custos e a melhor ambiente.
Fazendo uma analogia com a nossa prática parlamentar, direi que idêntico raciocínio se aplica à produção
legislativa. Paremos para pensar, façamos um trabalho sério, sustentado e em condições.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.as
e Srs. Deputados, a agenda de hoje, como sabem, é muito
extensa, por isso a Mesa será mais rigorosa quanto ao cumprimento dos tempos de intervenção.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O Partido Ecologista «Os Verdes» traz hoje aqui
a debate um projeto de lei que visa contribuir para a redução da produção de resíduos.
As sociedades modernas debatem-se com um grave problema de produção crescente de resíduos, o que
exige uma resposta ao nível da reutilização, reciclagem e eliminação. Contudo, dado a elevadíssima
quantidade de resíduos produzidos, uma solução para este problema só será eficaz se se dirigir à origem do
problema, ou seja, à produção dos próprios resíduos. E é exatamente isto que Os Verdes pretendem — atacar
o problema na sua origem —, apresentando um projeto de lei que tem como objetivo prevenir a produção de
embalagens supérfluas ou sobredimensionadas, no âmbito da comercialização de mercadorias. Apoiamos
esta proposta de Os Verdes, pois entendemos que a redução da produção de resíduos se deve fazer a
montante do consumidor,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … através do estabelecimento de regras disciplinadoras do mercado e de
racionalização da oferta de bens, assim como de alteração de padrões de produção e de consumo.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Esta proposta do Partido Ecologista «Os Verdes» contrasta profundamente com
uma proposta do PSD e do CDS, discutida aqui, há menos de um mês. Refiro-me à proposta de introdução do
sistema de taxa variável, que faz recair exclusivamente sobre os consumidores o custo da gestão dos
resíduos. O PSD e o CDS, em vez de apostarem na redução da produção de resíduos a montante do
consumidor — nas embalagens, por exemplo —,…