I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. Manuel Pizarro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Estou um pouco surpreendido com
o tom do debate por parte dos partidos que suportam o Governo.
Protestos do PSD.
É que, quando o anterior Governo do Partido Socialista criou a Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados, que não existia, a única reclamação que se ouvia nesta Câmara por parte dos Srs. Deputados do
CDS e do PSD era que se devia ser mais rápido, que devia haver mais unidades, mais lugares e que
andávamos demasiado lentos.
Aplausos do PS.
Agora acham o contrário, que devíamos andar mais lentos.
Mas nem nisso são coerentes.
O Governo anunciou, ontem, a abertura, em 2013, de cerca de mil cento e qualquer coisa de camas nas
unidades. O nosso projeto de resolução propõe a abertura de 1150 vagas, mas o Sr. Deputado Nuno Reis diz
que não há orçamento. Ora, o Governo está enganado. O PSD, na sua deriva de fazer oposição à oposição,
até já se distrai e faz oposição ao Governo, ou está aqui a desmentir a informação que o Governo nos deu.
Aplausos do PS.
Nesta matéria, temos de ser claros: não somos responsáveis pelo facto de o Governo propalar uma
reforma dos hospitais e não fazer nada, de ter já «engavetado» cinco relatórios que encomendou a outras
tantas comissões sobre a reforma dos hospitais. Pois claro, se não se reformam os hospitais, não se criam as
disponibilidades necessárias para fazer crescer sustentavelmente a Rede de cuidados continuados, mas essa,
Sr.as
e Srs. Deputados, é uma responsabilidade de quem está no Governo. Nós podemos ajudar, mas não
podemos resolver o problema de quem não quer tomar decisões em favor de uma reforma séria.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Também para uma nova intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Reis.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O planeamento e o desenvolvimento de
uma Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados não pode ser uma aposta de modas de uma
instituição ou de um ministério que apenas se limite a gerir ou a estimular a agenda mediática.
Sabemos bem que este Governo não pode dar-se ao luxo de falhar. Sabemos bem que situações, como a
que existiu há 18 meses atrás, quando a Rede entrou em pré-rutura, não podem voltar a acontecer.
Estamos certos de que os tristes episódios de instituições, um pouco por todo o País, incentivadas a
avançar com obras sem que o Estado possa depois com elas contratualizar por falta de verbas, não podem
voltar a acontecer.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas os senhores já fizeram diferente?
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Com o projeto de resolução que o PSD, em conjunto com o CDS, apresenta a
esta Câmara, entendemos que, mais do que discutir a abertura desta ou daquela unidade, é fundamental que,
em termos de futuro, abram todas as unidades julgadas tecnicamente necessárias, enquadradas, especial e
temporalmente, em planos de desenvolvimento regional da Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados, que respondam às prioridades clínicas, que garantam qualidade nos serviços prestados e
relativamente às quais haja disponibilidade financeira do Estado para com elas contratualizar.