I SÉRIE — NÚMERO 52
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Relativamente ao objeto do projeto de Os Verdes, não julgamos que deva ser imposta uma quantidade
mínima de embalagem primária a utilizar nos vários produtos produzidos em Portugal, nem sujeitar a utilização
de embalagens secundárias e terciárias a uma autorização prévia, tendo em conta que tal pode ter
implicações negativas ao nível da concorrência, ir contra as leis de mercado, bem como colocar em causa a
qualidade dos produtos e a segurança dos consumidores.
Pensamos que não cabe ao Governo o papel de regular a quantidade mínima de embalagem e a
autorização ou não do uso de embalagens secundárias e terciárias. A escolha da quantidade e tipo de
embalagem deve ser da responsabilidade dos produtores. Ao Governo compete, isso sim, implementar
medidas que visem incentivar o produtor a adotar medidas de prevenção e redução de embalagens.
Para finalizar, importa ainda referir que está previsto proceder-se à revisão da legislação relativa à gestão
das embalagens e dos seus resíduos, com uma abordagem mais enquadradora, responsabilizando todos os
intervenientes que constituem a cadeia de valor do sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens.
Aplausos do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência a Vice-Presidente Teresa Caeiro.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Como devem recordar-se,
há relativamente pouco tempo Os Verdes apresentaram na Assembleia da República um projeto de resolução
que visava uma intensa sensibilização, informação e formação da população, fundamentalmente para o
aumento dos níveis de reciclagem no País. E, na altura, Os Verdes disseram que, paralelamente, era
importante agir, designadamente sobre a regulação do mercado na produção de resíduos. Essa intenção é a
que consta deste projeto de lei que Os Verdes agora apresentam.
A ideia de Os Verdes era a de apresentar este projeto de lei um pouco mais à frente, para que fizéssemos
uma discussão sobre a matéria. Mas, entretanto, o CDS solicitou o agendamento do projeto de resolução que
está hoje em discussão.
Então, vou confidenciar às Sr.as
e aos Srs. Deputados o seguinte: foi ao ler o projeto de resolução
apresentado pelo CDS que Os Verdes entenderam que tinham de apressar o agendamento e a discussão
deste projeto de lei sobre redução de resíduos de embalagens. Para quê? Para que estivessem os dois em
discussão e para que se percebesse quem é que não propõe nada, como o CDS-PP, e quem é que propõe
medidas concretas e eficazes.
Ora, vejam bem, Sr.as
e Srs. Deputados, o que o CDS propõe ao Governo é que «prossiga com os esforços
que tem vindo a desenvolver» na área dos resíduos. Isto é o quê, Sr.as
e Srs. Deputados?
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Nada!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O CDS recomenda ainda ao Governo que «defina objetivos de
gestão de resíduos alinhados com as políticas europeias». Isto é recomendar o quê?
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Nada!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Finalmente, o CDS recomenda que o Governo «proponha, junto
dos peritos da Comissão Europeia, a desclassificação do estatuto de alguns resíduos».
Sr.as
e Srs. Deputados, isto é rigorosamente nada! Isto é para o CDS chegar ao fim do mandato e dizer:
«Ah, nós fizemos uma proposta sobre resíduos, porque andamos muito preocupados com os resíduos».
Não, Sr.as
e Srs. Deputados, aqui não vale enganar ninguém!
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.