I SÉRIE — NÚMERO 62
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Alguns entendem que o Governo, ao determinar esta resiliência, não tem sensibilidade social.
Protestos do PS.
Gostaria de dizer, no local apropriado, que é o Parlamento, em particular aos partidos da oposição, como é
evidente, que não foi com certeza a fina sensibilidade social que levou o anterior governo a pedir o resgate
externo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Risos do PS.
Não foi com certeza a fina sensibilidade social que empurrou o País para um nível de dívida pública, em
percentagem da riqueza criada no País, tão elevado como aquele que hoje temos, e sabemos que até
regressar a níveis como aqueles que estão previstos no Pacto de Estabilidade e Crescimento, que são de
60%, demoraremos seguramente duas a três décadas.
Mas foi a sensibilidade social deste Governo…
O Sr. João Galamba (PS): — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que permitiu que aqueles que são hoje titulares de pensões abaixo de 600
€, que são cerca de 90% dos pensionistas em Portugal, não sejam atingidos por medidas diretas de
austeridade, que é como quem diz, não são chamados a IRS,…
A Sr.ª Ana Drago (BE): — IVA!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … não pagam a contribuição extraordinária de solidariedade e não pagam,
evidentemente, a nossa sobretaxa de IRS nem têm agravamento fiscal.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
Protestos do PS.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não foram afetados também pelo corte ou suspensão dos subsídios, mas
foram beneficiários, sobretudo as pensões mínimas, sociais e rurais, que, no passado, o governo socialista
congelou. Ou seja, foram atualizadas essas pensões, do mesmo modo que a generalidade desses
pensionistas…
Protestos do PS e do PCP.
Sei que o conceito democrático de VV. Ex.as
é muito assimétrico e, portanto, quando ouvem o Governo,
fazem barulho, mas quando o Governo ouve a oposição tem de mostrar respeito, não é verdade?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, já ultrapassou o tempo.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou concluir, Sr.ª Presidente.