8 DE MARÇO DE 2013
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A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — … incluindo aqueles que se sabe que são militantes do PSD e do CDS
e que já tiveram funções de gestão nos portos nacionais. Acha que faz sentido, Sr. Deputado?
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Acha que faz sentido este Governo dizer que isto vai criar postos de trabalho, quando, na realidade, o que
se está a ver é que vai destruir o porto de Setúbal?
Sr. Deputado, veja se consegue esclarecer-nos, porque a única coisa que vemos são disparates em termos
técnicos e destruição da nossa economia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino, muito obrigado pelas
questões que nos colocou.
Já temos dito, mais do que uma vez, que estamos perante um Governo que tem tido uma política de
terrorismo social e até de sabotagem económica. Estamos perante uma decisão que pode vir a constituir para
muitas décadas um verdadeiro crime não só ambiental e social, mas, inclusivamente, económico. Basta olhar
para a realidade do nosso País e da Europa para verificarmos a verdadeira ameaça que uma decisão destas
pode constituir para a nossa economia.
Gostava de partilhar com os Srs. Deputados e de informar o Plenário da Assembleia, para quem não
souber, o seguinte: há poucos meses, foi anunciado o encerramento do terminal de contentores de
Amesterdão, que funcionava com uma capacidade de cerca de 1,2 milhões de TEU (contentores de 20 pés). E
essa decisão do operador privado de carga contentorizada que explorava esse terminal deveu-se à falta de
viabilidade económica, tendo em conta a proximidade com o gigante da logística e do transporte marítimo-
portuário, que é o porto de Roterdão.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está a ouvir, Sr. Deputado António Prôa?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Portanto, nós tínhamos, na Holanda, a algumas dezenas de milhas náuticas o
porto de Roterdão e o porto que servia Amesterdão, que era conhecido como o Amsterdam Container
Terminal, e esse terminal portuário foi encerrado.
Pergunto aos Srs. Deputados o que pensam que estão a fazer ao Terminal XXI e ao porto de Sines, à tal
«porta atlântica» da Península Ibérica e da Europa que anunciam aos quatro ventos, para fazer — e com que
interesses por detrás e com que agenda subjacente?! —,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … um porto de dimensões e características semelhantes aqui, às portas de
Lisboa, a 50 milhas náuticas do outro, servindo como terminal privativo e não como porto de abastecimento e
exportação do grande centro de produção e de consumo que é esta grande região.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Por conseguinte, Srs. Deputados e Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino, a
questão que se coloca não é de desenvolvimento e crescimento económico…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino já, Sr. Presidente.