8 DE MARÇO DE 2013
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A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Compreendemos as resistências a esta mudança que a petição
claramente expõe por parte dos professores.
No entanto, porque os conteúdos programáticos são respeitados, não concordamos que os alunos sejam
prejudicados e como é para eles e apenas no seu interesse que se fazem revisões da estrutura curricular não
concordamos com os propósitos desta petição.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Queria começar por, em
nome do Grupo Parlamentar de Os Verdes, saudar os peticionários desta petição em defesa da disciplina de
Educação Visual e Tecnológica no 2.º ciclo do ensino básico.
Gostaria de começar por dizer o seguinte: a Sr.ª Deputada do CDS acabou agora de dizer que esta
reestruturação curricular foi sujeita a um longo processo de consulta. Certo é, Sr.ª Deputada — teve,
imediatamente, necessidade de justificar —, que este longo processo de consulta, como o qualificou, verdade,
verdadinha, não teve em conta a generalidade dos contributos que foram dados na consulta.
Portanto, há consultas que são mais um mero pró-forma do que, propriamente, uma verdadeira intenção de
acolher contributos para a melhoria da primeira proposta que é posta em discussão. E nós sabemos que foi
esse o caso, Sr.ª Deputada.
Se nós nem soubéssemos que o verdadeiro objetivo desta reestruturação curricular foi a contenção de
despesas — para utilizar um eufemismo —, à conta, designadamente, do despedimento em massa de
professores, se nós não soubéssemos isso, Sr.ª Deputada, provavelmente até poderíamos acreditar em
algumas «histórias da Carochinha». Mas nós sabemos — e os Srs. Deputados da maioria também o sabem —
que este foi um despedimento como nunca foi feito anteriormente. E esse era o verdadeiro objetivo desta
reestruturação curricular.
Relativamente à disciplina de Educação Visual e Tecnológica, será que os Srs. Deputados da maioria,
passado este tempo, conseguem dizer-nos com base em que estudo foi feita a opção do Governo de acabar
com esta disciplina? É que não há estudos, designadamente de caráter pedagógico, que justifiquem o que o
Governo fez!
O Governo, de facto, está a procurar introduzir um esquema pedagógico em Portugal que é
extraordinariamente preocupante. E porquê? Porque não toma a educação do indivíduo como um processo
integral e está a tornar residual aspetos tão importantes como o ensino artístico ou o ensino desportivo,
esquecendo que, em Portugal, muitas crianças, fundamentalmente devido à sua condição económica, o único
contacto que têm com a arte e com o desporto é na escola.
Ora, reduzir esta componente de educação integral do indivíduo é reduzir as oportunidades de contacto
destas crianças e destes jovens com esta componente fundamental para essa educação integral.
Portanto, os senhores chegam aqui e dizem: «Para nós só é importante a Língua Portuguesa, a
Matemática, a História, a Geografia, e até reforçámos a carga horária destas disciplinas». Lamentamos, mas
isso não chega! Os senhores podem, inclusivamente, pôr os alunos a estudar Português e Matemática quatro
horas por dia, mas, com as condições que os senhores estão a atribuir à escola pública, eles não chegam lá,
Sr.as
e Srs. Deputados!
O Sr. Bruno Dias (PCP) — Claro!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Isto porque estão a aumentar o número de alunos por turma;
porque estão a reduzir as condições de aprendizagem nas salas de aula; porque estão a desmotivar
professores; porque estão a desorganizar a escola pública. Ou seja, os senhores estão a desvalorizar as
condições necessárias para o sucesso da aprendizagem.
De facto, Sr.as
e Srs. Deputados, Os Verdes apoiam as pretensões desta petição e não cairá em desuso a
necessidade de discutir permanentemente esta reestruturação curricular, que foi um erro governativo.