I SÉRIE — NÚMERO 63
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que o tempo que entretanto passou, entre a entrega da petição e esta discussão, inviabiliza parte do propósito
da petição, apesar de não perder a sua validade nem de a discussão perder o seu interesse.
Para discutir esta petição temos que voltar atrás no tempo e recordar como é que decorreu o processo. Já
aqui foi referido que resultou de um longo processo de consulta, que contou com 1700 contributos recebidos
no Ministério da Educação até janeiro de 2012, tal como também é referido na petição. No final, coube ao
Ministério analisar as propostas e depois decidir, como é da sua responsabilidade.
Numa consulta pública — é bom perceber isto — não quer dizer que se aceitem todas as propostas, quer
dizer que se consultam várias propostas para melhor se decidir, como é óbvio. E foi depois de feita esta
consulta pública que foi apresentada a versão definitiva da estrutura curricular, em março de 2012, com a qual
concordamos
E concordamos porquê? Porque esta revisão é suportada por três princípios que, para nós, são basilares.
O primeiro princípio é o do reforço do ensino das disciplinas estruturantes, ou seja, do Português, da
Matemática, da História e da Geografia, que viram os seus horários reforçados. Além disso, a disciplina de
Inglês foi dada como obrigatória num período de cinco anos.
O segundo princípio é o do combate à dispersão curricular. Esta revisão não se limita a reforçar o ensino
das disciplinas estruturantes, atribuiu uma prioridade na distribuição horária a estas disciplinas, tornando claro
para os alunos e para as escolas que as aulas de Português são mais importantes do que as atividades
escolares não curriculares. Ainda recentemente, Portugal era o campeão europeu da dispersão curricular com
quase 1/3 da carga horária dos alunos passada em atividades escolares não curriculares, o que é grave.
Como sabem, a dispersão curricular mede-se em tempo, no tempo dedicado às disciplinas estruturantes e
não no número de disciplinas, como é tantas vezes, e erradamente, sugerido pela oposição. Ora, esta
dispersão tinha de acabar e acabou.
O terceiro princípio é o da autonomia. A revisão atribuiu às escolas maior autonomia pois, agora, as
escolas podem decidir sobre a duração das aulas, que era uma coisa que não podiam fazer.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Podem também oferecer disciplinas de escola, reforçando
assim a sua identidade e podem ainda criar ofertas complementares nas áreas da cidadania, na área artística,
cultural e científica, diversificando assim a sua oferta educativa.
Por fim, e no que respeita à disciplina de EVT no 2.º ciclo, lembro que, na passada Legislatura, o CDS
opôs-se ao fim do par pedagógico da disciplina de EVT.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso foi quando estava na oposição!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Ou seja, opusemo-nos à proposta do Governo socialista, que
pretendia que apenas um professor lecionasse EVT.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas agora já não é assim!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Mas porque é que nos opusemos? Porque era evidente que o
programa estava feito para ser lecionado em par pedagógico e seria impossível que apenas um professor
conseguisse lecionar duas matérias distintas.
Se a proposta do Governo do Partido Socialista tivesse vingado eram os alunos os principais prejudicados
e foi por isso que nos opusemos.
Ora, a reorganização que estamos agora a discutir dividiu a disciplina de EVT em duas e, obviamente, com
duas novas disciplinas mantêm-se os dois professores, respeitando-se assim a especificidade dos programas,
como sempre defendemos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!