8 DE MARÇO DE 2013
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Assim, realço e saúdo, mais uma vez, a determinação com que a Associação Portuguesa de Analistas
Clínicos, a Ordem dos Farmacêuticos, os proprietários e os profissionais dos laboratórios de análises clínicas
têm batalhado para que seja respeitada esta liberdade de escolha.
A decisão da Unidade Local de Saúde do Nordeste de internalizar as análises clínicas já originou a falência
de um dos três laboratórios existentes, havendo lugar a despedimento de cerca de mais de 50 funcionários.
Hoje, os laboratórios de análises clínicas do interior do País não passam de meros centros de colheita.
Como pode uma unidade local de saúde fazer, unilateralmente, o que está a fazer, obrigando os utentes a
irem aos hospitais, sem que tenha sido respeitado o convencionado e sem, pior ainda, garantir qualidade e
eficiência perante os utentes que fazem análises clínicas no interior do País?
Mas porque será que este Governo insiste constantemente em mudar o que está bem e nada faz para
beneficiar aquilo que deveria ser melhorado?
A ideia de utilizar a capacidade instalada é justa e até merece o nosso apoio. Mas, como todas as medidas,
tem de ser estudada e fundamentada. Tem de ser forçosamente adotada à realidade local e não pode ter
como consequência as falências, o desemprego, a desproteção social e a degradação da prestação dos
cuidados de saúde.
Escolher as zonas, como o distrito de Bragança e o da Guarda, para internalizar análises clínicas é um erro
técnico, é um erro económico, mas é, principalmente, um erro social, conduzindo ao desemprego e à
desertificação em regiões já muito deprimidas.
Em cada um dos casos é detetada falta de transparência e de rigor. Não conhecemos estudos que
fundamentem as decisões e não conhecemos os resultados destas. Mas é o habitual.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Deputado, faça favor de terminar.
O Sr. Nuno André Figueiredo (PS): — Com certeza, Sr. Presidente, mas peço-lhe a mesma
condescendência aplicada anteriormente aos Deputados das outras bancadas parlamentares.
Sabemos apenas que o interior, com quem a direita enchia a boca na campanha eleitoral, fica mais deserto
com os governos de direita. Não é só com este Governo. O anterior, que governou de 2002 a 2005, fez o
mesmo ao interior do País. Trata-se de um desinvestimento claro.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Podemos falar do investimento feito pelos governos do PS na saúde. Aliás, os Srs. Deputados sentem-no
nas vossas terras.
Os laboratórios convencionados têm capacidade e pessoal altamente especializado para responder às
necessidades e para continuarem a contribuir, como fazem há 30 anos.
Esta capacidade instalada gerou-se porque o Estado lhes pediu e porque o Estado precisava.
O Serviço Nacional de Saúde corre sérios riscos com as medidas em curso. É urgente reclamar um Serviço
Nacional de Saúde eficiente, sem racionamento e sem colocar em causa princípios cruciais como o da
dignidade humana Não admitiremos a sua degradação ou uma qualquer pretendida reconversão.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero saudar todos
os peticionários, cidadãs e cidadãos, que decidiram apresentar este problema à Assembleia da República.
Esta petição surge na sequência da decisão do Governo de internalizar os exames clínicos nas unidades
do Serviço Nacional de Saúde.
Ela foca-se, neste caso concreto, na situação do Nordeste Transmontano, que, como sabemos, tem
condições de interioridade muito específicas e que é preciso acautelar em todas as dimensões.
Sobre esta temática, a posição do Bloco de Esquerda é a seguinte: em primeiro lugar, pensamos ser
positivo aproveitar a capacidade instalada dentro do Serviço Nacional de Saúde para a realização de exames.