I SÉRIE — NÚMERO 63
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Quero, por fim, dizer que a posição do Partido Socialista é clara sobre esta matéria: não somos a favor da
extinção da disciplina de EVT nem da redução da carga horária na de Educação Física, assim como não
somos a favor de outras atrocidades que esta reforma e esta estrutura curricular veio trazer como sinal de
descrédito no nosso sistema de ensino.
Pedimos, pois, a cessação de vigência deste Decreto-Lei, mas falta, da parte do Governo e da parte dos
partidos da maioria, que esta petição faça eco novamente no sentido da razão e na política educativa deste
Governo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de, em primeiro lugar, e em nome do
Partido Comunista Português, saudar os mais de 6400 peticionários que dirigiram esta petição à Assembleia
da República e de saudar, em especial, a Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica, que,
em vários momentos, tiveram oportunidade de alertar a Assembleia da República e os Deputados dos vários
grupos parlamentares para a sua posição relativamente ao processo em curso de reorganização curricular e
de degradação profunda da qualidade pedagógica.
Não é possível separar este processo, o fim do par pedagógico de EVT e a destruição desta disciplina
fundamental no currículo do ensino básico, de um processo mais geral de degradação da escola pública e de
desvirtuação do seu papel.
Se este Governo quisesse cumprir a Constituição no que respeita ao papel da escola pública numa
democracia enquanto fator de emancipação individual e coletiva dos cidadãos e de um país, não teria levado a
cabo estas medidas, muitas delas, convém dizê-lo, iniciadas com o anterior Governo, do Partido Socialista, e
que têm estado a destruir a qualidade da escola pública.
A Comissão de Educação, Ciência e Cultura levou a cabo uma audição pública, em que foi expressiva e
determinante a participação dos professores de EVT, alertando a Assembleia da República para a
desadequação profunda desta medida. E tal era importante sobretudo pela preocupação que uma Sr.ª
Deputada aqui manifestava em relação aos alunos, à qualidade pedagógica, ao princípio que consta da Lei de
Bases do Sistema Educativo, que é o da cultura, da formação integral do indivíduo, e que este Governo atira
para o caixote do lixo. Mas não atira por engano; atira porque tem o objetivo ideológico de fazer retornar a
escola à escola do ler, escrever e contar.
Os Srs. Deputados do PSD e do CDS-PP, e muitas vezes também os Srs. Deputados do PS, não querem
uma escola pública do questionamento, da atitude crítica, não querem preparar cidadãos para transformar o
mundo,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … querem é preparar cidadãos para continuar a obedecer num mundo de
desigualdades sociais.
Os Srs. Deputados querem a escola pública que reproduz e agrava as desigualdades sociais. Por isso, não
podemos deixar de acompanhar as preocupações que são aqui levantadas pelos professores de EVT. Aliás, a
tempo e horas, o PCP apresentou propostas de alteração a este Decreto-Lei, mas, infelizmente, o PSD e o
CDS não quiseram acompanhar-nos.
Esta petição tem uma história — já aqui o dissemos —, mas o País também tem uma história. E este
Governo tem uma história: os mais de 2000 professores de EVT que foram atirados para o desemprego
sabem que foi este Governo o responsável pelo agravamento e pela fragilidade das suas vidas e sabem que
têm nas suas mãos a possibilidade de derrotarem este Governo e esta política.
Este é um Governo que todos os dias trabalha para a degradação da escola pública, é um Governo que vê
na Constituição e no progresso social uma ameaça para a manutenção da sua ordem e do seu poder.
Srs. Deputados, esta petição pode ter aqui, por parte das bancadas do PSD e do CDS, as palavras que
teve, mas os Srs. Deputados podem ter a certeza de uma coisa: na escola pública, os estudantes, no dia 13,