8 DE MARÇO DE 2013
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E, Sr.ª Deputada, se os senhores querem continuar a governar para a troica e os indicadores da troica,
governem! Mas depois não se espantem quando as pessoas vos cantam a Grândola e saem à rua em
manifestações como aquelas que temos visto, porque é essa a resistência que vão encontrar enquanto
governarem contra o povo, enquanto governarem contra o País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, finda a discussão conjunta da petição n.º 137/XII
(1.ª) e do projeto de resolução n.º 626/XII (2.ª) (PCP), vamos passar à apreciação da petição n.º 146/XII (1.ª)
— Apresentada por Alexandra Filipa Soares Rodrigues e outros, solicitando à Assembleia da República que
seja reconsiderada a decisão que põe em causa a liberdade na escolha do prestador de serviços de análises
clínicas.
Par uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Laura Esperança.
A Sr.ª Laura Esperança (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, cumprimento
os peticionários, aqui presentes, dizendo-lhes que em boa hora estas discussões sobem a Plenário.
Através delas, pode verificar-se a complexidade do mundo em que vivemos, do nosso País em particular,
quando se tem recursos insuficientes e a organização dos modelos que vinham sendo efetuados está a ser
alterada.
Neste caso, os peticionários solicitam que haja liberdade na escolha do prestador de serviços de análises
clínicas e nós, PSD, estamos de acordo com o princípio referido.
Acontece que o que está aqui em causa não é tanto essa liberdade mas, sim, a necessidade que o Estado
tem de reduzir os custos de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, não por capricho mas porque é
absolutamente fundamental para garantir a continuidade do nosso sistema público de saúde.
O Governo está, pois, a tomar medidas para garantir a sustentabilidade do SNS, sem as quais este iria
entrar em colapso, como bem o demonstram os 3000 milhões de euros de dívidas que o anterior governo
deixou e dos quais a atual equipa do Ministério da Saúde pagou já mais de metade.
Todos sabemos que «a necessidade aguça o engenho», como diz o povo, e que é possível fazer melhor
com menos, sobretudo porque o tempo é de encarar os dinheiros públicos, que, afinal, são dos contribuintes,
com muito respeito e honestidade.
O dinheiro do Estado é de todos e não daqueles que, em cada momento, têm a responsabilidade de o
gerir.
No que concretamente se refere aos meios complementares de diagnóstico realizados no âmbito do SNS,
a obrigação das unidades públicas é a de assegurarem que os utentes fazem as suas análises com qualidade,
rapidez e, evidentemente, ao menor custo possível. Se daí resulta internalização ou externalização das
análises é uma consequência, não o fator de decisão.
O que acabo de dizer é de tal modo pacífico que já a anterior Ministra da Saúde defendia que os
responsáveis pela gestão dos serviços de saúde têm «a obrigação de gerir os dinheiros públicos de forma
eficaz» e que o facto de haver unidades que «tenham capacidade instalada» obriga a que a mesma seja
aproveitada, diminuindo «o envio destes doentes para o sector convencionado».
Sr.as
e Srs. Deputados: Naturalmente, esta matéria merece reflexão no caso concreto entre a Unidade
Local de Saúde (ULS) do Nordeste Transmontano e os laboratórios convencionados.
E ninguém pode a este respeito esquecer que a decisão daquela ULS de reduzir o encaminhamento de
utentes para os referidos laboratórios, maximizando a capacidade instalada das unidades públicas, diz
respeito apenas a utentes de 3 dos 13 concelhos da área de influência daquela ULS, os utentes de Bragança,
Mirandela e Macedo de Cavaleiros, onde estão localizados os três hospitais da região, que, assim, passarão a
assegurar os meios complementares de diagnóstico.
Os utentes serão bem servidos e os laboratórios convencionados continuarão a prestar serviços aos
utentes do SNS dos restantes concelhos da região, bem como ao público em geral e a subsistemas, como são
os casos da ADSE, PSP e GNR, só para dar alguns exemplos.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.