I SÉRIE — NÚMERO 69
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O Sr. Ministro da Administração Interna: — PCP e BE passam a vida a invocar o povo, povo esse que
não lhes reconhece, através dos votos, mandato e legitimidade para governar!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP.
PCP e BE não passam, afinal, de minorias.
Protestos do Deputado do PCP Bernardino Soares.
Minorias com assento parlamentar, é certo. Minorias que respeitamos democraticamente, é verdade. Mas
minorias, Srs. Deputados.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente e Srs. Deputados: Do PS, partido tradicional
do Governo, é de onde vem, apesar de tudo, a maior das desilusões.
Para usar uma expressão popular bem conhecida, o PS, hoje, é o partido que «faz o mal e a caramunha».
Foi o PS quem meteu a troica cá dentro. Foi o PS que pediu o resgate da troica. Foi o PS que negociou o
Memorando de Entendimento.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Foi o PS que deixou o País à beira da bancarrota. E é agora
o mesmo PS que critica o Memorando que ele próprio negociou. E é agora o mesmo PS que quer afastar-se
da troica que ele próprio meteu cá dentro. E é o mesmo PS que, em vez de ajudar a tirar o País da difícil
situação em que o deixou, a única coisa que quer fazer é criticar e destruir.
A verdade é que, ao fim de todo este tempo, o PS não foi capaz de gerar uma única ideia ou política
alternativa, a não ser dizer que quer menos austeridade e maior crescimento.
O senhor de La Palice não diria melhor.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Só que o senhor de La Palice não é candidato a governar
Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O pior, porém, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é o que, ao que se diz, o PS se prepara para fazer. Ao que
consta, tem na mira apresentar uma moção de censura. Ao que se diz, é esta a novidade que o seu líder tem
para anunciar, em primeira mão, aos seus pares, numa qualquer reunião extraordinária a ocorrer num
qualquer dos próximos dias.
Se assim for, o significado é claro: como uma moção de censura visa derrubar o Governo, o que o partido
que deixou o País na bancarrota quer é lançar agora o País na instabilidade política, é precipitar o País em
novas eleições, para que Portugal tenha de negociar um segundo resgate, o que significará para os
portugueses mais e novos sacrifícios.
Vozes do PSD: — Muito bem!