30 DE MARÇO DE 2013
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excessivas e proteção das famílias, nada! O que houve foi um aumento, em dois anos, de 25% na conta da
eletricidade!
E lembro-me também de ver o atual Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros ao lado de empresários
dizendo «aqui estaremos, junto da economia nacional». Oiça os empresários hoje e verá que os custos
energéticos e da eletricidade estão a esmagar o nosso tecido económico.
Temos uma divergência de fundo. O senhor acha que os contratos com a EDP são sagrados, os contratos
com os salários e os pensionistas são para rasgar a qualquer momento.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — E acha mais: acha que, no País que vive a sua maior crise de sempre, é
aceitável que já haja famílias às escuras, empresas a fechar, mas a EDP e os seus lucros de milhões são
absolutamente sagrados, e nisso, Sr. Deputado, nós estamos do lado dos portugueses e o senhor está do lado
do Dr. António Mexia e do cheque milionário do Dr. Eduardo Catroga.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, há cerca de 20 meses,
firmámos um compromisso com os portugueses. Fizemo-lo condicionados por um programa subscrito por
cerca de 85% dos Deputados eleitos para a Assembleia da República em representação de uma amplíssima
maioria dos portugueses que avocou o dever de cumprir o Memorando de Entendimento.
Recordemos. Vamos a factos. A 17 de maio de 2011, o Governo socialista aceitou os termos do
Memorando que estabelecia os objetivos que a seguir passo a citar: reduzir o défice, equivalente a 5,9%, de
acordo com as projeções que serviram de base ao Memorando, através de medidas estruturais de corte na
despesa; trazer a dívida pública para uma trajetória descendente a partir de 2013, manter a consolidação
orçamental a médio prazo para se obter uma posição de equilíbrio orçamental.
E mais factos, Srs. Deputados: os défices com que nos confrontámos neste passado recente foram em
2009, de 10,2% em 2010, de 9,8% e, em 2011, de 7,8%.
Por outro lado, as contas públicas que serviram de base à elaboração do Memorando estavam erradas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Então, porque é que assinaram o pacto?
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Vejamos alguns exemplos que não foram apresentados à troica nem
aos partidos com assento parlamentar: 600 milhões na Estradas de Portugal…
O Sr. João Oliveira (PCP): — O que é que lá andou a fazer o Catroga?!…
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — … 900 milhões na Parque Escolar e 180 milhões na Fundação
Magalhães, entre outros números omissos.
Só nos exemplos que apresento estão cerca de 1700 milhões de euros, montante próximo de dois
subsídios para a função pública.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Para o corte na despesa, o Memorando, na sua versão inicial, assinada pelo Partido Socialista, obrigava
expressamente ao corte de cerca de 3300 milhões de euros, que seriam acrescidos dos cortes mencionados
em percentagem.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista assumiu com a troica o compromisso de cortar
na despesa cerca de 4000 milhões de euros. O Partido Socialista, que era governo de Portugal e, nessa